Urariano Mota: Quem julgará a morte dos pobres?

"Quem julgará a morte dos pobres?", questionou o escritor de jornalista pernambucano Urariano Mota ao falar sobre o caso de Cláudia Silva Ferreira, vítima baleada pela Polícia Militar (PM) do Rio de Janeiro durante ação Morro da Congonha, em Madureira. Um escândalo que deixa claro a falta de preparo da polícia brasileira, que, além de ter baleado Cláudia, protagonizou uma das cenas mais chocantes deste ano, ao arrastá-la por mais de 300 metros.

Joanne Mota, da Rádio Vermelho em São Paulo 

Na edição do "Prosa, Poesia e Política" desta semana, o escritor pernambucano fez críticas ao julgamento da juíza que libertou os policiais responsáveis pela morte e condução do carro que transportava o corpo de Cláudia, que segundo relatos ainda estava viva.

Urariano afirma que é preciso muito cinismo para conduzir uma decisão judicial desse modo. "A injustiça prospera e causa a mais funda indignação", desabafou.

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Na oportunidade, o colunista da Rádio Vermelho relembrou de outro caso que chocou o Brasil. "Doloroso e revoltante é o caso do assassinato de Clarival Xavier Cotrim, jovem negro executado em 20 de março de 1982, aos 22 anos, pelos policiais militares, depois de ter sido detido arbitrariamente, sem qualquer justificativa. A vítima, totalmente dominada e indefesa, foi transportada por uma viatura policial a um local desabitado, no bairro de São Mateus, na zona leste da cidade, onde foi executado a tiros", narrou o jornalista.

E questionou: "Quem julgará a morte dos pobres? Quem julgará os crimes dos policiais militares? A Justiça Militar?".

Ao final de seu desabafo, Urariano citou frase de Montesquieu: “A injustiça que se faz a um, é uma ameaça que se faz a todos”.

Ouça a íntegra da reflexão na Rádio Vermelho: