Presidente palestino e chanceler dos EUA discutem volta aos diálogos
O presidente palestino Mahmoud Abbas deve reunir-se com o secretário de Estado dos EUA John Kerry, nesta quarta-feira (14), em Londres, para discutir o futuro do chamado “processo de paz”, segundo uma fonte oficial citada pela agência palestina de notícias Ma’an. As negociações entre Israel e a Autoridade Nacional Palestina (ANP), que deveriam ter durado nove meses, terminaram, em impasse, em 29 de abril.
Publicado 14/05/2014 15:59

O ministro de Relações Exteriores Riyad al-Maliki disse à rádio palestina que Abbas e Kerry avaliariam a última rodada de conversações com Israel para “determinar as razões do seu fracasso.” Entretanto, o ministro ressalva, a reunião “não é um acordo sobre o retorno às negociações”. As exigências da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) precisam ser contempladas antes de retornarmos às conversações, pontuou.
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A porta-voz de Kerry negou que há qualquer plano para uma reunião entre o chanceler estadunidense e o palestino, durante a visita a Londres, nesta semana. Jen Psaki disse a jornalistas que Kerry estaria em Londres, na quinta-feira (15), para discutir o conflito na Síria.
A mediação de Kerry nas negociações entre a ANP e Israel lançou uma nova rodada de reuniões no final de julho de 2013, e que deveria durar até 29 de abril, mas foi suspensa peremptoriamente pelo governo israelense, depois de a ANP ter pedido a adesão a convenções internacionais, como alternativa à expansão da ocupação ilegal israelense sobre os territórios palestinos, mesmo durante as conversações.
“A reunião poderia ser a última tentativa de Kerry de reavivar as negociações,” disse a fonte palestina, uma vez que o chanceler estadunidense promove o seu papel enquanto mediador comprometido e ignora a responsabilidade do aliado de Israel frente à expansão da ocupação, com a aliança proclamada e garantida dos EUA em detrimento da violação do direito internacional pelo governo israelense.
Caso as negociações sejam retomadas, Kerry tem afirmado à mídia internacional que “os dois lados devem trabalhar na definição de um futuro Estado palestino e nos acordos securitários para Israel”, assim como em outras questões centrais reivindicadas pela ANP, como a questão dos refugiados e o estatuto de Jerusalém.
O tema securitário, em que os palestinos devem dar garantias neste quesito a Israel (como a permissão de manutenção das tropas israelenses na Cisjordânia e a definição de um Estado militarizado) foi posto como prioritário pelos Estados Unidos, durante quase todo o período de conversações, relegando questões como as futuras fronteiras e os refugiados.
Durante as conversações, Israel anunciou a construção de 14 mil novas casas nas colônias israelenses e a expropriação de terras na Cisjordânia palestina. No final de março, o governo do premiê Benjamin Netanyahu decidiu não cumprir o acordo de libertação do último grupo de 104 prisioneiros palestinos, conforme definido para a retomada das negociações.
Esta quebra do compromisso levou a ANP a recorrer à candidatura a diversas convenções internacionais, como forma de promover o estatuto da Palestina enquanto sujeito de direito internacional. Ainda, enquanto enfrentava ameaças e sanções de Israel, a OLP anunciou um acordo de reconciliação com o partido Hamas, que governa a Faixa de Gaza (para superar uma disputa e uma fragmentação de sete anos), ao que o governo israelense respondeu com a suspensão das negociações, às vésperas do seu prazo final.
Por Moara Crivelente, da Redação do Vermelho,
Com informações da agência de notícias Ma'an