Premiê de Israel blinda "meios especiais" de corte em gastos militares

Israel também é palco dos debates sobre seus gastos militares, inserido na tendência mundial, com o agravante de tratar-se de um dos maiores exércitos do mundo e de uma “potência ocupante”. De acordo com um artigo publicado nesta terça-feira (27) no jornal israelense Haaretz, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu dedica 4,5 bilhões de shekels (R$ 2,89 bilhões) ao que vigia, pessoalmente, sob a descrição de “meios especiais”.

Israel - GPO

Além do já investido, os chamados “meios especiais” controlados diretamente pelo premiê também receberão mais 600 milhões de shekels (R$ 386 milhões), de acordo com o diretor-geral do Ministério da Defesa de Israel, Dan Harel, em declarações desta segunda (26), citadas pelo Haaretz.

A classificação incógnita, “meios especiais”, é descrita pelo jornal israelense como a camuflagem para uma soma que, segundo Harel, não pode ser podada ou tocada sem a decisão de Netanyahu, o que levanta mais questões sobre o que é tão relevante, em termos securitários, para receber este estatuto e tratamento.

Enquanto os israelenses passam a exigir cada vez maior transparência sobre os gastos militares do seu governo, os “meios especiais” ficam em foco, sujeitos a escrutínio. A camuflagem esconde os “detalhes intrincados” do orçamento militar de Israel, mas para defender-se a “necessidade” de mais fundos, a “caixa trancada” precisa ser aberta, o que acaba revelando as prioridades daqueles no topo da política, escreve Aluf Benn, no artigo para o Haaretz.

“Netanyahu não acalenta apenas coisas ‘especiais’,” continua Benn. “Na semana passada, Gili Cohen escreveu, nestas páginas [do Haaretz], que o orçamento para o serviço secreto – Mossad e Shin Bet – recebeu um generoso suplemento no ano passado, para um total de 6,63 bilhões de shekels [R$ 4,26 bilhões]. Seu orçamento para este ano ainda não foi revelado, mas através dos seus mandatos de primeiro-ministro, Netanyahu geralmente aumentou os orçamentos de serviços subordinados a ele todos os anos e, no geral, a probabilidade é a continuidade dessa política.”

No início da semana, os números revelados por Harel mostraram que a prioridade de Netanyahu para a Defesa, afirma Benn, inclui o que denomina de fortalecimento da inteligência e da dissuasão estratégica e na promoção de objetivos nacionais, como transferir as bases das chamadas Forças de Defesa de Israel para o Negev, região ao sul, palco de várias disputas e do avanço contra as comunidades beduínas palestinas que resistem no local.

O Negev, uma região de deserto, foi considerado por vários ideólogos da “colonização judaica” do território, o sionismo, como “a última fronteira”, o que lhe conferiu um estatuto de importante “conquista”. Para a transferência das bases das forças armadas a este local, escreve Benn, o orçamento também é intocável e receberá adições substanciais.

Segundo o articulista, Netanyahu dá menos importância às necessidades convencionais de um exército permanente e usa os cortes orçamentais para forçá-lo a ser mais “eficiente”. Por isso, Harel divulgou números do Ministério da Defesa que revelam a redução do orçamento das FDI, de 26,05 bilhões de shekels (R$ 17 bilhões), neste ano, para 22,4 bilhões (R$ 14,15 bilhões), em 2015.

No total, em 2012, Israel tinha um gasto militar equivalente a 6,2% do seu Produto Interno Bruto (PIB), maior do que o investimento dos Estados Unidos, o primeiro da lista dos mais altos orçamentos do setor, com 4,4% do PIB, segundo o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Sipri).

Moara Crivelente, da Redação do Vermelho
Com informações do Haaretz