A historia é imprescindível para saber quem somos
A história é imprescindível para saber quem somos, para nos orientar logo quando aparecemos nesse mundo velho. Supõe-se que a história seja uma ciência, não uma religião ou um manual ideológico.
Por Silvio Rodriguez (*)
Publicado 01/08/2014 18:45

A história, às vezes, é escrita por pessoas que expõem fatos e datas, mas também por pessoas que interpretam estes fatos e datas. É difícil os textos históricos não demonstrarem as ideologias de quem os escreve, principalmente quando são pessoas comprometidas com as realidades que relatam. Pode-se imaginar que nos tempos atuais a história esteja mais “limpa”, mas continuamos a perceber que a imparcialidade não existe quando até a imprensa, que deveria ser objetiva, obedece a interesses.
Não acredito que seja necessário falsear a história, mas seja o que for que nos contem, não deveria servir para inocular rancores e para que pensemos que nosso destino é o ódio e a morte. Isto é desumano, é injusto, é cruel, não só para os destinatários do ódio, mas também, e muito mais, para seus portadores.
É certo respeitar nossos antepassados, honrá-los em nossa memória e enxergar em nossas ações uma consequência de seus melhores atos. Mas não acho bom é nos deixarmos consumir por antigos rancores de quando a cultura, a ciência e o conhecimento do Universo só se espalhavam. A lucidez, a vantagem de saber mais, deveria servir para solucionar o que antes parecia insolúvel.
Os ódios proveem das eras mais obscuras do homem. Se estamos a favor do progresso devemos ser capazes de repelir qualquer vestígio de obscurantismo. Agradeço quando os sábios que nos contam a história sabem separar a cizânia do essencial que há no conhecimento.
Quase todos os povos do mundo são mestiços; somos todos mestiços. Todos os sangues são bons se o pensamento que os faz correr em nossas veias é bom. Por isso abraço e celebro tudo o que me faz amar e não odiar.
(*) músico e poeta cubano, fundador do Movimiento de la Nueva Trova, e autor de canções como El unicornio azul, Ojalá, La Silla, entre muitas outras
Fonte: blog Segunda Cita / Cubadebate