Associação de juízes apoia fim dos autos de resistência
A Associação de Juízes para a Democracia (AJD) divulgou nota em apoio ao Projeto de Lei 4.471, que põe fim aos autos de resistência. Trata-se de um mecanismo legal para autorizar a atuação policial contra os resistentes à prisão em flagrante ou determinada por ordem judicial. No Brasil, esse expediente tem sido responsável por inúmeras mortes em ação policial.
Publicado 27/11/2014 10:04

Para o presidente do conselho executivo da associação, André Bezerra, a brecha na lei, criada durante ditadura militar, é sinônimo de autoritarismo. Segundo ele, os autos de resistência são empecilhos para a investigação dos crimes, praticados, principalmente, contra jovens, negros e moradores pobres da periferia.
“O projeto de lei que elimina os autos tem a importância de acabar com esse cheque em branco utilizado por muitos policiais”, afirma Bezerra.
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Além disso, o PL 4.471 substitui os termos “autos de resistência” ou “resistência seguida de morte” por “lesão corporal decorrente de intervenção policial” e “morte decorrente de intervenção policial”.
Dados divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública no início de novembro apontam a morte de 2.212 pessoas pela polícia no Brasil, em 2013. Entre 2008 e 2013, foram contabilizadas 11.197 vítimas de confrontos policiais em todo País.
“A grande questão para a aprovação do projeto de lei é a alta taxa de morte por supostos confrontos com policiais. O auto de resistência é um verdadeiro álibi para ações criminosas”, diz Bezerra.
A ouvidoria da Polícia de São Paulo também divulgou informações sobre mortes decorrentes de confrontos policiais, em 2011. De acordo com o relatório, mais de uma pessoa foi morta no estado paulista ao dia por policial militar, entre 2005 e 2009. Ao todo, foram contabilizadas 2.045 vítimas neste período, apenas em São Paulo.
A ouvidoria também comparou os dados com informações divulgadas pela polícia federal americana, o FBI. No mesmo período relatado, 1.915 pessoas foram mortas por todas as forças policiais dos Estados Unidos.
Durante campanha eleitoral, a presidenta Dilma Rousseff também saiu em defesa do fim dos autos de resistência. “Acredito ser fundamental que a gente faça a lei contra os autos de resistência. A lei que tem de acabar com a ficção do auto de resistência”, afirmou a presidenta, durante Ato pelo Dia Nacional de Promoção da Igualdade Racial, em Nova Lima, Minas Gerais, em setembro.
Fonte: Agência PT de Notícias