Movimento estudantil se une em defesa de um transporte digno

Representantes das mais de 30 entidades que compõem a Frente ampla do movimento estudantil e popular fizeram manifestação na Praça Municipal no comecinho desta quinta-feira (15/01), em defesa de um transporte público de qualidade e contra o aumento no valor da tarifa de ônibus. Na ocasião, foi instalada uma grande faixa ao lado do Elevador Lacerda, com a frase R$ 3,00 e um roubo.

A ação foi momento de chamar atenção e conversar com a população sobre as condições da mobilidade urbana de Salvador. Assim começou a atuação do PCdoB na Lavagem do Bonfim.
Para os dirigentes das entidades representativas dos estudantes, a “transformação” promovida pelo prefeito ACM Neto é a prova da gestão excludente. Além de ônibus reformados, sem as tecnologias prometidas – a exemplo do ar condicionado e acessibilidade, através do rebaixamento do veículo –, o que se viu foi uma mudança nos itinerários para dificultar a circulação de moradores da periferia nos bairros nobres. A linha Cajazeiras-Barra é um exemplo das que foram extintas.

Para Marianna Dias, presidente da UEB (União dos Estudantes da Bahia), as mudanças no transporte não passam de uma tentativa de iludir a população, que tem a sensação de modernização. Mas, quem convive com esta realidade sabe que nada mudou. Pintar e padronizar os ônibus vindos de outras cidades não é suficiente para atender as demandas dos cidadãos.

Walter Takemoto, do Movimento Passe Livre, levantou a questão da lucratividade do setor. Segundo ele, as promessas do prefeito não passam de estratégias para proporcionar lucro aos empresários em detrimento do bem estar da população. “O aumento de 20 centavos na tarifa representa um acréscimo de R$ 84 milhões no lucro do setor em um ano. Isso em cima do valor somado em 2012”.

A condição dos estudantes secundaristas foi ressaltada pelos manifestantes. De acordo com o dirigente da Abes (Associação Baiana dos Estudantes Secundaristas), Nadson Rodrigues, o segmento tem sofrido bastante por conta da exclusão do acesso à cidade que vem se instalando em Salvador. Para o estudante, a evasão escolar é consequente dos problemas do transporte e do exorbitante valor da tarifa. “Para democratizar a educação, é preciso discutir a mobilidade urbana.

Com a democracia no transporte, outros direitos serão garantidos. O acesso à saúde e à cultura, por exemplo, que são fundamentais também”.

Em âmbito nacional, em muitos estados a situação se repete. Mas, em alguns lugares, os estudantes estão sendo atendidos. Segundo o dirigente da UNE (União Nacional dos Estudantes), Thiago Dantas, São Paulo em sido um bom exemplo. O prefeito concedeu o passe livre aos estudantes que entraram nas universidades por meio do sistema de cotas, tendo em vista a questão econômica deste segmento.

O entendimento é de que, para que a situação precária seja revertida não só em Salvador, é preciso muita mobilização por parte do movimento social, principalmente o estudantil, pelo fim do financiamento privado de campanha eleitoral. “Não podemos dar vez aos interesses dos empresários. Não admitimos mais a história de quem paga a banda escolhe a música”.
Ao final da manifestação, os integrantes se juntaram aos demais movimentos populares na ala do PCdoB, em direção à Colina Sagrada.

De Salvador,
Maiana Brito