ONU critica falta de resposta da União Europeia sobre refugiados
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) manifestou nesta terça-feira (15) sua "profunda decepção" pela incapacidade do grupo dos 28 países que formam a União Europeia (UE) de chegar a um acordo efetivo sobre a redistribuição de 120 mil refugiados.
Publicado 15/09/2015 17:37

Nesta segunda, os ministros do Interior da UE concordaram em uma reunião extraordinária em apoiar um plano inicial para a realocação de 40 mil imigrantes, mas não se conseguiu um consenso sobre a partilha de uma quantidade maior.
Os participantes no encontro adiaram para o início de outubro a decisão sobre o estabelecimento de cotas por países e o calendário para a implementação dessa iniciativa.
A porta-voz do Acnur, Melissa Fleming, expressou sua insatisfação com os resultados da reunião e reclamou uma resposta coerente e baseada na solidariedade ante a atual crise migratória.
Segundo a agência europeia para o controle de fronteiras (Frontex), mais de 500 mil imigrantes chegaram a países da UE durante os primeiros oito meses deste ano, 220 mil a mais que em igual período de 2014.
A diretoria comunitária tem reiterado em várias ocasiões a necessidade de encontrar uma solução para essa questão, mas os 28 países não se colocam de acordo e alguns, como Reino Unido, Polônia, Eslováquia e Hungria não aceitam o estabelecimento de cotas obrigatórias para o recebimento de refugiados.
A chanceler alemã, Angela Merkel, comunicou que seu país e a Áustria solicitaram a realização de uma cúpula extraordinária do bloco para a próxima semana, devido à situação de emergência nas fronteiras dos dois países e o fracasso do encontro entre os ministros do Interior.
Angela ressaltou também a necessidade de debater outras questões como a ajuda a países de origem e trânsito dos imigrantes e a ampliação da quantidade de centros de recepção.
Indo na outra direção, o governo húngaro anunciou a construção de uma muralha na fronteira com a Romênia, similar à de 175 quilômetros erguida nos limites com a Sérvia, para impedir a entrada de estrangeiros.
Apesar dos fortes questionamentos e críticas por parte de organizações humanitárias, um pacote de leis para o recrudescimento das penas contra a imigração ilegal entrou em vigor nesta terça-feira no país, segundo confirmaram as autoridades.
Como resultado, se iniciaram processos judiciais contra dezenas de pessoas que chegaram de maneira ilegal ao território húngaro, que podem enfrentar de três a cinco anos em prisão.
O executivo húngaro decretou estado de emergência para duas províncias meridionais e confirmou o envio de 900 policiais e 4,3 mil militares aos pontos limítrofes.
Por sua vez, o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, reiterou a negativa de seu país em aceitar cotas de refugiados e assegurou que seu governo não se deixará intimidar com ameaças como o possível corte dos fundos comunitários aos Estados que não aceitarem essa medida.
Enquanto o fluxo migratório continua crescendo, centenas de refugiados pediram à Turquia que abra suas fronteiras com territórios da UE, para que eles não arrisquem suas vidas ao cruzar o mar Mediterrâneo.