Estudantes indígenas se manifestam contra massacre no MS

Indignados com a situação de descaso e com o genocídio dos Guaranis Kaiowá do Mato Grosso do Sul, os acadêmicos do curso de licenciatura intercultural indígena da UnoChapecó, em Chapecó (SC), se mobilizaram para repudiar a “vista grossa” que Justiça Brasileira tem feito aos conflitos fundiários. O curso é voltado apenas para estudantes de origem indígena.

Indígenas - UNE

A estudante Kaingang Vanisse Domingos, explicou que apesar da distância geográfica a luta é a mesma. “Somos um povo só em prol de uma só causa, indiferente de etnia, Kaingang, Guarani, vamos sempre lutar um pelo outro”, afirmou. E continuou: “os meios de comunicação tradicionais não mostram realmente o que está acontecendo. Queremos chamar a atenção para o massacre que está acontecendo lá”.

No último dia 29 de agosto de 2015, fazendeiros do município de Antônio João, no Mato Grosso do Sul, atacaram com truculência os indígenas da etnia guarani-kaiowá, que há muito tempo reivindicam terras tradicionalmente suas naquele município.

A área reivindicada pelos indígenas, é chamada de terra indígena Nhanderu Marangatu, com 9.317 hectares – hoje dividida por cinco fazendas de criação de gado – e chegou a ser homologada em junho de 2005, pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em 19 de janeiro de 2015, a Justiça determinou à União a demarcação das terras indígenas da região centro-sul do estado. Porém, uma ação efetiva ainda não foi feita. Assim, os indígenas ocuparam as terras, como maneira de protesto. Imediatamente os fazendeiros da região, juntamente com o Sindicato Rural, vereadores de Antônio João e outras autoridades políticas, impulsionaram a ação violenta que culminou no assassinando da liderança Semião Vilhalva, agredindo crianças e mulheres ali presentes. Semião tinha 24 anos e levou um tiro na cabeça.

Após a morte de Vilhalva alguns deputados tentaram acelerar a aprovação da PEC 215 que tramita no Congresso. A proposta, que já ganhou um relatório final da comissão que a analisa e deve ser encaminhada para a votação ainda neste ano, dará à Câmara dos Deputados o poder de aprovar as demarcações de terra -uma prerrogativa hoje do Executivo- e permitirá a indenização de terras demarcadas.