Dino à Alckmin: impeachment sem exigências constitucionais é golpe
O governador do Maranhão Flávio Dino (PCdoB), questionado pela imprensa sobre a defesa do impeachment feita pelo governador tucano de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse que “o impeachment está previsto na Constituição, mas aplicá-lo sem seguir os preceitos constitucionais é, sim, um golpe.”
Publicado 10/12/2015 13:12

Alckmin havia declarado que “o impeachment é previsto na Constituição brasileira, e a Constituição não é golpista”, na quarta-feira (9). Dino, ex-juiz federal, explicou ao tucano que "o processo de impeachment não é um processo puramente político, é um processo jurídico. Trata-se de uma punição a um crime cometido pessoalmente e intencionalmente pelo presidente da República".
Na opinião do governador do Maranhão, um dos articuladores do ato da presidenta Dilma Rousseff com 16 governadores de todas as regiões do país em defesa da democracia, as denúncias apresentadas contra a presidenta Dilma não atendem nenhuma das exigências constitucionais.
“Se houve pedaladas (fiscais), o Congresso nem julgou ainda as contas do governo”, afirma. O governador comunista lembra ainda que o vice-presidente Michel Temer também assinou algumas das liberações orçamentárias, quando interino.
“Esse processo é tão inusitado que, se levado a cabo, teríamos na sequência o impeachment do presidente Michel", afirmou. "Não há ninguém de bom senso que ache que esse é um caminho razoável para o Brasil".
O governador afirmou que o Brasil está vivendo um momento em que as regras pactuadas pela sociedade na Constituição de 1988 estão sendo deixadas de lado em nome do jogo político. "Não podemos viver a guerra de todos contra todos”, afirmou.
Dino chamou a atenção para a endemia do Zika Vírus e a crise econômica, que deveriam envolver governo e oposição. "Enquanto isso, estamos perdendo tempo com um debate que não nos levará a canto nenhum”, disse Flávio Dino destacando que todos os governadores signatários da Carta da Legalidade, fazem “um convite à serenidade, para preservar as instituições previstas na Constituição.”
A carta critica a possibilidade do instrumento de “extrema gravidade” do impeachment ser empregado sem uma “comprovação clara e inquestionável de atos praticados dolosamente pelo chefe de governo”.