Ato em defesa de Dilma reúne 50 mil no Rio de Janeiro
Mais de 20 funkeiros se revezaram neste domindo (17) com representantes de movimentos sociais, artistas e magistrados no palco montado na Avenida Atlântica, em Copacabana, zona sul da cidade, em manifestação contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
Publicado 17/04/2016 15:14

“É o funk contra o golpe”, disse Rômulo Costa, fundador da produtora de funk Furacão 2000 e idealizador do ato, acatado pela Frente Brasil Popular e pela Central Única dos Trabalhadores, regional Rio de Janeiro (CUT-RJ). O presidente da CUT-RJ, Marcelo Rodrigues, começou a convocar a militância no último dia 14.
Jovens de comunidades localizadas no entorno de Copacabana, entre as quais as comunidades do Pavão-Pavãozinho, Cantagalo, Morro dos Cabritos, Ladeira dos Tabajaras, Chapéu Mangueira e Rocinha, Vidigal e moradores da Baixada Fluminense e da zona norte da capital também participaram do evento.
“A ideia é defender a democracia. Eleição, só em 2018. Nós temos que lutar para preservar o mandato da presidenta Dilma. O Temer [vice-presidente Michel Temer] não nos representa, nem o Eduardo Cunha [presidente da Câmara Federal]”, disse Rômulo.
A concentração começou às 9h, na altura do Posto 3, na Rua Hilário de Gouvea, e seguiu até o Leme, onde ocorreu a dispersão. Essa foi a primeira vez que a Furacão 2000 se apresentou na Praia de Copacabana para mobilizar a população contra o impedimento da presidenta da República.

Policiamento
Cerca de 800 policiais militares de vários batalhões vão garantir, durante todo o dia, na orla de Copacabana, a segurança de frequentadores da praia e manifestantes.
A “defesa da democracia”, segundo o professor do ensino técnico José Antonio Ribas, foi a tônica do ato em defesa de Dilma. O desempregado do setor naval Paulo Cardoso, que vive atualmente como ambulante, manifestou apoio à presidenta e ao PT. “Sou eleitor de Lula desde 1989, porque ele é a favor das minorias.”
De acordo com o coronel Cândido Silva, comandante do 1º Comando de Policiamento de Área, não foi necessário montar nenhuma barreira policial desde a areia até a calçada. “O isolamento será feito pelos próprios policiais mobilizados”, disse.
Democracia
A professora universitária Andréia Ayres fez questão de demonstrar seu apoio ao Estado Democrático de Direito. O analista de sistemas Luiz Felipe Lacerda reforçou o coro contra o golpe, afirmando que o importante é garantir a vontade popular. “Não podem passar por cima da vontade do povo. Este é o governo que o povo escolheu.”
O jornalista Bernardo Lessa disse que o processo contra Dilma Rousseff é ilegal. Segundo ele, os argumentos usados pela oposição são “frágeis e inconsistentes”. O turismólogo Elzário Júnior, cuja profissão foi reconhecida recentemente, destacou que o governo Dilma é “corajoso” e que defende “os interesses populares, o petróleo e o pré-sal, o que o capital internacional não admite”.
O relações internacionais Erick Memória também mostrou seu apoio ao governo “que foi democraticamente eleito”. Memória afiançou que a presidenta Dilma “não cometeu nenhum crime, enquanto o Cunha [Eduardo Cunha, presidente da Câmara Federal] é réu até na Suíça”.
Ato pacífico
A manifestação contra o impeachment não registra incidentes. Os restaurantes, quiosques e bares na praia e em ruas adjacentes ficaram repletos, assim como a praia, sob forte calor e céu azul. Grupos de policiais militares ficaram a postos em cada esquina das ruas que cortam a Avenida Atlântica, durante o ato.
De acordo com operadores da CET-Rio, o ato transcorre sem conflitos, em um clima pacífico e familiar. Os organizadores da manifestação estimam em 50 mil os participantes contra o impeachment. Por norma adotada desde janeiro deste ano, a Polícia Militar não divulga estimativas sobre número de pessoas em manifestações populares, informou o chefe do Estado-Maior da PM, coronel Lima Freire.