Saraiva Júnior: Não se justifica o ódio da burguesia

Por *Saraiva Júnior

Lula - Foto: Instituto Lula

A pedagogia da atual crise econômica e política pela qual o Brasil passa está se disseminando: antes restrita à grande mídia, agora ela começa a ser discutida em meio à população, principalmente às classes menos favorecidas. Muitos começam a compreender que o fator corrupção não é eixo único. Por trás da corrupção, outras questões vêm à tona. Esse é um detalhe de suma importância para melhor esclarecimento e maior conscientização.

A referida crise é fruto do sistema capitalista e, inevitavelmente, atinge nosso país. O problema se apresenta também com as duas principais propostas que buscam solucionar a situação, ambas de cunho neoliberal: aquela defendida pelo PT, de inclusão social, e a proposta de arrocho fiscal e exclusão social, defendida pelo PSDB e aliados.

Ora, a presidente Dilma, em seu segundo mandato, passou a advogar a proposta de arrocho fiscal, numa clara adesão à classe empresarial. Nesse caso, é uma contradição o PSDB ingressar com o pedido de impeachment contra a presidente. Era preferível cooptá-la, uma vez que parte da esquerda estava lhe dando as costas, mesmo porque a tese jurídica das pedaladas fiscais é uma falácia.

Acontece que a pedra no caminho dos que desejam o arrocho fiscal e a exclusão social dos pobres chama-se Lula, provável candidato a presidente pelo PT em 2018. Lula não é o tal revolucionário a pregar o comunismo. Ao contrário, as medidas de inclusão social que lhe deram o status de melhor presidente da História do Brasil rezam pela cartilha do capitalismo. Vale lembrar que foi durante o governo Lula o período em que a classe empresarial mais ganhou dinheiro. Na verdade, eles não têm razão nenhuma para ter ódio ao ex-presidente.

O ódio que devotam ao Lula parece ser explicado pelo fato de que eles não têm um líder nacional de oposição com real possibilidade de ganhar as futuras eleições para presidente em 2018. Se não há como trabalhar esse tal líder, então, restam-lhe denegrir a imagem de Lula, da mesma forma como tentaram fazer com a imagem dos ex-presidentes Getúlio Vargas, Juscelino Kubistchek e João Goulart, com o apoio fiel da grande mídia e a falta de senso crítico da classe média.

Por sinal, a História registra que foram os melhores presidentes do Brasil aqueles que pagaram com a vida por tal façanha.

*Saraiva Júnior é Auditor fiscal do Trabalho

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