Comitiva para aapoiar sem terras em Goiás
São quatro militantes do MST na mira do judiciário goiano, baseado em provas que, segundo Gilvan, não existem. Além de Luiz, o geógrafo e militante do movimento Valdir Misnerovicz também aguarda julgamento preso. Os militantes Diessyca Santana e Natalino de Jesus continuam desaparecidos mas tem mandados de prisão contra eles.
“Acreditamos que tudo o que está acontecendo é mais político do que jurídico. Fica difícil considerar esse caso juridicamente já que as posições do judiciário são muito conservadoras e só veem o lado da acusação”, disse Gilvan.
Segundo o dirigente, Luiz é acusado do roubo de uma caminhonete, veículo que está em poder do denunciante. “Acusam também de cárcere privado alegando que o crime aconteceu quando o movimento paralisou uma estrada. Na verdade, a pessoa foi impedida de transitar na estrada e não ficou sob controle de ninguém”, esclareceu.
Colocar a reforma agrária na ilegalidade
Goiás é um dos estados brasileiros com a maior concentração de latifúndios. Em nota divulgada pelo MST no início deste mês, a ação do judiciário vai ao encontro de uma articulação contra os sem terras que envolve o governo tucano de Goiás e parlamentares ruralistas, entre eles, os senadores Eunício de Oliveira (PMDB/CE) e Ronaldo Caiado (DEM/GO).
De acordo com o coordenador estadual do MST em Goiás, Luiz Zarref, a decisão dos desembargadores é a prova da ofensiva conservadora para criminalizar os movimentos populares: “O posicionamento de Goiás confirma a ação articulada entre o latifúndio local e os poderes executivo, legislativo e judiciário em criminalizar o Movimento”, destaca Zarref.
Denúncia
Enquanto aguarda o julgamento do mérito do habeas corpus de Valdir, o MST atua denunciando no Brasil e no exterior a perseguição contra o movimento em Goiás. Entre os apoiadores está o arcebispo de Goiânia, Washington Cruz, que escreveu uma carta atestando a boa índole de Valdir Misnerovicz.
“Na carta, o arcebispo afirma que o Valdir sempre atuou na mediação dos conflitos agrários no intuito de resolver e superá-los”, contou Gilvan.
Trecho da carta acrescenta que Valdir “sempre demonstrou ser um homem de bom senso, calmo e com clareza de posições e atitudes em defesa da vida, sobretudo da vida dos pobres”. O arcebispo, que é amigo do geógrafo, ainda reafirma “por Valdir coloco a minha mão no fogo”.