Programas de desenvolvimento deixam mulheres de fora no Afeganistão

Um estudo publicado nesta terça-feira (20) no Afeganistão pelo Ministério das Finanças revelou que as mulheres permanecem à margem dos programas de desenvolvimento no país.

Universidade de Cabul em 1980, quando as mulheres eram livres para estudar

Segundo um porta-voz do ministério, Mustafa Mastur, somente 1% das mulheres foi beneficiada por projetos de empoderamento do gênero.

Até o momento, os programas de desenvolvimento são focalizados em mulheres que trabalham em escritórios, mas nunca incluíram outros fatores sociais como as viúvas e as divorciadas.

O estudo, realizado pela Unidade de Avaliação e de Investigação no Afeganistão revela que, apesar do que se chama de igualdade de gênero, o orçamento do governo para aplicar esses programas é muito limitado ou inexistente.

Mulheres em Cabul
Mulheres em Cabul: marginalizadas dos programas de desenvolvimento

A vice-ministra de Assuntos para a Mulher, Nabila Musleh, deu as boas vindas ao estudo e salientou que os planos de desenvolvimento encaminhados às mulheres devem ser projetados por elas próprias.

Ela agregou também que os programas devem refletir as necessidades das afegãs e também promover a mudança da mentalidade na população masculina.

Segundo a Rawa, uma organização defensora dos direitos da mulher no Afeganistão, o país tem um dos índices mais altos de violência contra a mulher do planeta.

A mesma organização denuncia a ocupação americana e a anterior ajuda imperialista aos fundamentalistas islâmicos como a raiz da atual situação da mulher no Afeganistão.

"Os EUA e os seus aliados tentaram legitimar a sua ocupação militar no Afeganistão sob o pretexto propagandeado de trazer a "liberdade" e a "democracia" ao povo afegão. Mas como experimentamos antes, a respeito do destino da nossa gente, o governo dos Estados Unidos em primeiro lugar considera os seus próprios interesses políticos e econômicos. Ele autorizou e equipou os bandos fundamentalistas mais traidores, antidemocráticos, misóginos e corruptos no Afeganistão".

"Foram os EUA que instalaram o regime Talibã no Afeganistão em 1996, uma estratégia de política estrangeira que resultou no fim dos direitos da mulher afegã", denuncia a Rawa.

A educação no Afeganistão nos anos que precederam a invasão americana foi basicamente secular. A educação patrocinada pelos Estados Unidos destruiu a educação secular. O número de escolas religiosas (madrassas) patrocinadas pela CIA aumentou de 2.500 em 1980 para mais de 39.000 em 2001.