Manifestante pró-Zelaya morre após tiro em protesto

Um manifestante que foi baleado na quinta-feira (30) durante um protesto pela restituição do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, morreu na madrugada deste sábado em um hospital da capital, informaram fontes do centro médico.

O professor Roger Vallejo deu entrada na quinta-feira em estado crítico em um hospital de Tegucigalpa com um ferimento de bala na cabeça após uma manifestação, que foi dispersada com imensa violência por forças de segurança controladas pelos golpistas.

''Faleceu na madrugada'', informou Juan Barahona, líder do movimento Frente Nacional de Resistência Contra o Golpe. ''O nome do companheiro é Roger Vallejo e era professor do Instituto San Martín e também secretário do colégio'', acrescentou.

Barahona, confirmou telefonicamente à agência Prensa Latina que foi preso e brutalmente surrado pelos militares e policiais que arremeteram contra a multidão.

"Fomos tratados de maneira brutal", disse Barahona, que informou que umas 80 pessoas ainda permenecem presas. Barahona afirmou que se declararam presos políticos, pois foram atacados durante uma marcha pacífica em defesa do estado de direito, violado com o golpe militar em 28 de junho passado.

Informou que o dirigente sindical e candidato presidencial independente Carlos H. Reyes foi ferido e sofreu fratura de um braço.

Três vítimas fatais

Com a morte de Roger Vallejo, as vítimas fatais relacionadas aos protestos contra o golpe de Estado somam três. De acordo com comunicado divulgado pela Missão Internacional de Solidariedade, Observação e Acompanhamento a Honduras, as manifestações aconteciam em Tegucigalpa na ocasião das atividades da greve geral do setor público, iniciada dia 30.

Segundo o comunicado, a mobilização era pacífica, mas foi fortemente repreendida pelo governo golpista: ''tropas do Exército e das forças especiais da Polícia Nacional de Honduras atacaram milhares de manifestantes pacíficos com armas de fogo, com projéteis de madeira e borracha, assim como gases lacrimogêneos – laçados, inclusive, de helicópteros.'', denunciou.

Ao que tudo indica, as repressões militares não se restringiram somente à capital hondurenha. Segundo informações da Via Campesina, também foram registrados atos violentos em Comayagua, San Pedro Sula e Colón.

"Em Comayagua, temos informação fidedigna que temos mais de 100 detidos, entre eles dois menores de idade, um de dois anos e outros de sete anos; que se encontram quatro feridos; e muitos companheiros e companheiras tiveram que se esconder no monte e andam fugindo para que a polícia nacional não lhes pegue.'', informou.

O acontecimento de quinta-feira, ao contrário do que esperavam os golpistas, não inibiu as mobilizações populares. No mesmo dia, várias organizações e movimentos divulgaram comunicados em que rechaçam as respostas militares às manifestações pacíficas e pedem apoio da comunidade internacional para o fim do Golpe.

O grupo Feministas em Resistência, por exemplo, expressou, através de comunicado, a indignação às ações do dia anterior: ''Condenamos a ilegal detenção de mais de 250 pessoas as quais foram aprisionadas pela polícia e por militares na estrada de saída de Olancho durante um protesto pacífico contra o regime golpista e quem exigem a restauração da ordem democrática no país''.

Ademais, repulsou o governo golpista de Roberto Micheletti e pediu à comunidade nacional e internacional que se solidarizem com o povo hondurenho ''para exigir unanimemente que se respeite a vida e os direitos de hondurenhas e hondurenhos, assim como para restabelecer os direitos constitucionais e soberanos do povo hondurenho''.

Exército popular

Enquanto isso, soube-se que o presidente constitucional de Honduras, Manuel Zelaya, chegou na quinta-feira, dia 30, a Manágua para prosseguir sua campanha de retorno ao poder em seu país.

Na véspera, o presidente anunciou que está sendo organizado um exército popular e pacífico com simpatizantes de sua causa para tentar reverter o golpe de Estado.

Em Ocotal, Nicarágua, o presidente Zelaya informou que um grupo de soldados e oficiais hondurenhos está descontente com a cúpula militar golpista.

Da redação,
com agências