Mídia Corporativa

O papa visita o Brasil e em Manaus pede para ver de perto o encontro das águas do Rio Negro com o Solimões. Numa grande comitiva fluvial, no meio do turbilhão de águas dos dois rios que formam o gigante Amazonas, num descuido o pontífice supremo cai n

A anedota popular reflete bem o caráter da imprensa no Brasil. Uma mídia multifacetada que se expressa de várias formas, mas que mesmo usando um vasto repertório de acusações contra o governo Lula e a base aliada, começa a se desmoralizar frente a milhões de brasileiros que cada vez mais se dão conta de seu caráter golpista e da dimensão das manipulações com uma crise atrás da outra.


 


 


Na mais recente crise forjada, agora contra os cartões corporativos, entra em cena a Mídia Corporativa. Ela, por meio de uma equipe jornalística adestrada para fuçar e encontrar qualquer coisa que possa ser utilizada contra o governo Lula, cada vez mais mostra seu caráter de classe na defesa de seus interesses. Mas costuma o tiro sair pela culatra. Após derrubarem uma ministra, descobre-se que o governo tucano de São Paulo gasta 40% a mais que a União, sequer divulga os extratos como faz o governo federal e disponibiliza um número de cartões quase quatro vezes maior: 42.488 contra 11.519. A princípio nada contra esses gastos em São Paulo (mesmo sendo maiores e ficando restrito ao Sistema de Informações Gerenciais da Execução Orçamentária), pois é um mecanismo adotado por governos no mundo todo. Mas terá o PSDB o mesmo empenho para cobrar uma CPI na Assembléia Legislativa de São Paulo como faz no Congresso Nacional (pau que dá em Chico…)? Serão divulgadas todas as despesas dos funcionários do Estado de São Paulo para que essa mesma mídia possa vasculhar tudo e cobrar a cabeça de algum membro do governo tucano? Na cobertura dos fatos a mídia usará dois pesos…? Esperemos sentados.


 


 


Para essa Mídia Corporativa, a corrupção é invenção do governo Lula. Trata-se uma praga petista (por extensão, de toda a esquerda), a-histórica e inerente a governos populistas como o de Lula, Evo, Kirchner, Chávez, Ortega…


 


 


É a banalização até mesmo de um fenômeno que sequer é invenção do capitalismo ou tampouco restrito a ele. Mesmo muito antes da existência da burguesia enquanto classe, e obviamente até em governos socialistas, ela vigora. Seu combate é bandeira histórica das classes oprimidas e que somente em governos mais democráticos e populares é possível enfrentá-la de maneira mais eficaz.


 


 


Convidemos a Mídia Corporativa a divulgar o histórico de cada partido e de cada governo pelo mundo afora e veremos quem é quem nessa contenda. Como é tratada a corrupção pelo Partido Comunista do Brasil e pelo governo Lula em relação aos partidos de direita e governos anteriores? A apropriação pelas elites de uma luta que pertence aos trabalhadores de todo o mundo deve ser desmascarada como a mais demagógica e panfletária arma de manipulação da verdade.


 


 


Ao atacar impiedosamente o governo Lula cria-se um sentimento em camadas da sociedade de repúdio à política e certo niilismo, o que favorece a direita que joga sempre na despolitização. É como se a sociedade fosse apartada da política que cada vez mais aparece associada à bandalheira.


 


Mas talvez o maior prejuízo no presente momento seja a obscurantização de uma pauta positiva levada a cabo pelo governo federal que, eclipsada pelas crises seqüenciais criadas pela oposição e difundidas pela Mídia Corporativa, dá lugar às picuinhas e baixarias em detrimento dos grandes projetos e da discussão dos temas relevantes.


 


 


O que fazem com o camarada Orlando é emblemático. Talvez uma tapioca (iguaria típica de nossa culinária) tenha tido mais repercussão na Mídia Corporativa que a participação e organização brasileira dos Jogos Pan-americanos, a escolha do Brasil para a sede da Copa do Mundo de 2014, a luta para promover as olimpíadas, o Projeto Segundo-Tempo, ampliação do bolsa atleta, a Timemania, o Pintando a Liberdade e tantos outros projetos sociais conduzidos pelo Ministério do Esporte com Orlando à frente.


 


 


Essa é mais uma prova das vilezas usadas pela Mídia Corporativa que não abre mão de nenhuma arma para execrar homens e mulheres que têm toda uma história de lutas a serviço do povo.


 


O Orlando presidente da UNE que visitou a Universidade Federal de Viçosa em 1996 e dormiu no chão em um colchão emprestado por um colega estudante, é diferente do Orlando Ministro de Estado que obviamente representa a Nação e deve dispor do mínimo de estrutura para exercer bem seu ofício. Uma coisa é um almoço num bandejão com líderes estudantis. Outra coisa é um jantar político com personalidades do mundo esportivo ou lideranças políticas nacionais.


 


 


A Mídia Corporativa sabe disso, mas não vai descansar um minuto que seja na sua empedernida luta contra os quem defendem um Brasil democrático, soberano e progressista. Seguirá utilizando de todas as baixezas que possam dispor.


 


 


Aos comunistas cabe a denúncia do golpismo da Mídia Corporativa sem deixar se pautar por ela. A piada contada acima é ilustrativa, mas não tem graça para a grande maioria do povo brasileiro que não vê a hora do Brasil retomar o grande debate.

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