É preciso polemizar com a direita

Qualquer ativista político conhece sobejamente como as classes dominantes utilizam o aparato do estado a seu favor, no intuito de viabilizar sua política e sua ideologia. Esse aparato compreende a estrutura legal do estado (legislativo, executivo, judiciá

Quando a direita perde ou tem o seu controle reduzido sobre qualquer destes instrumentos, sua reação é virulenta, sistemática e sem qualquer pudor. Seus métodos amorais são conhecidos. Como não tem compromisso com a nação brasileira ela invariavelmente adota práticas irresponsáveis. Para ficar apenas em dois exemplos: elegeu Collor de Melo presidente da República e Severino Cavalcanti presidente da Câmara dos Deputados. Quando percebeu que seus interesses não estavam inteiramente contemplados, seja pelas “lambanças” que o governo Collor praticava ou pelo realinhamento de Severino com o governo Lula, ela os transformou em pó. E ainda pousando de moralista!


 



Faz alarido sobre uma mera devolução de três atletas cubanos do Brasil para Cuba que, aliás, sequer pediram asilo e nem poderiam solicitar uma vez que não estavam sendo perseguidos em seu país. Mas essa mesma direita não apenas patrocinou e patrocina, bem como sustentou e sustenta as mais sangrentas ditaduras do mundo, sejam militares (Brasil, Argentina, Chile, etc.) ou civis, como os Estados Unidos. Patrocina ou estimula com a omissão que os EUA invadam países soberanos, submetam à tortura milhares de prisioneiros que eles mantêm ilegalmente mundo afora, inclusive na prisão de Guantánamo em Cuba.


 



A presença americana em Cuba trata-se de uma ocupação, na medida em que o povo cubano não está de acordo com o uso de seu território por uma nação terrorista. É uma situação que se assemelha a ocupação do Iraque, Afeganistão e tantas outras nações que estão ou já foram ocupadas pelos Estados Unidos.


 



Afora os seus próprios operadores, só os incautos podem ter ilusões com a cantilena da direita, afinal o seu modelo de “democracia” são os Estados Unidos da América, onde sequer há eleição direta. Lá eles ainda adotam o velho colégio eleitoral com o qual a ditadura militar se revezou no poder político no Brasil por mais de 20 anos.
Como alguém com esse “telhado” pode criar embaraços ao movimento popular ou a um governo como o de Lula que, apesar dos limites e vacilações, é muito superior a todos os governos que a direita já produziu nesse país, em qualquer fundamento que se queira analisar.


 



Alguns ativistas argumentam que apesar da fragilidade moral da direita e da derrota ideológica que sofreram com a desmoralização mundial do neoliberalismo eles dispõem de todo um arsenal propagandístico o que tornaria desigual essa batalha.
Embora não desconheça e tampouco subestime os meios de comunicação e a parcialidade com que eles se comportam, não concordo com essa absolutização. A Folha de São Paulo acaba de ser obrigada a se “retratar” da tentativa de reabilitar a ditadura militar e de desqualificar intelectuais pelos quais não nutre simpatia. Um movimento minimamente articulado pelo movimento popular lhe fez rever pontos de vista, pelos menos publicamente.


 



Ademais, se as condições materiais ainda nos são adversas, as condições políticas e ideológicas são favoráveis. Diferente dos anos 90 – caracterizado pelo descenso do socialismo e ascenso do neoliberalismo – quando resistimos praticamente sozinhos à ofensiva da direita, hoje há espaço para a expansão das idéias progressistas, das idéias socialistas.


 



É preciso, entretanto, polemizar com a direita. Não permitir que ela fale sozinha como hoje ocorre em várias situações. A crise que se abate sobre o capitalismo ajuda, por si só, a desmoralizar os arautos do capitalismo, na medida em que todos os fundamentos do neoliberalismo estão em cheque.


 



E, se o inimigo está na defensiva, a possibilidade de ações ofensivas, como regra, estão facilitadas.

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