O que é desenvolvimento sustentado?

Não há desenvolvimento sem preservação e nem tampouco preservação sem desenvolvimento

Tendo presente essa premissa e a compreensão de que toda ação humana provoca impacto ambiental, nós somos obrigados a concluir que o nosso desafio reside em buscar mecanismos que compense ou minimize tais impactos, bem como decidir se tal ou qual ação benéfica ao conjunto da humanidade ou de uma parte dela deve ser executada, com seu impacto decorrente e as mitigações de praxe.


 


 



A decisão sobre essa premissa não é simples, porque toda e qualquer ação humana se orienta, mesmo que inconscientemente, por uma concepção política e ideológica. Assim, ao longo dos tempos, os modos de produção naturalmente variaram. Evoluímos da sociedade dos clãs ao socialismo, passando pelo escravagismo, feudalismo e o próprio capitalismo, que é o sistema produtivo predominante na etapa atual de desenvolvimento da humanidade. Cada uma dessas sociedades e seu particular modo de produção estabeleceu uma determinada relação com os meios de produção e seus recursos naturais.


 


 



Não há dúvidas de que a pressão sobre os recursos naturais na época do comunismo primitivo, do escravagismo e do próprio feudalismo eram infinitamente menores do que na época do capitalismo e do socialismo. O nível de desenvolvimento das forças produtivas na sociedade capitalista e socialista fez com que se intensificasse exponencialmente o uso de matérias primas, aumentando a pressão sobre os recursos naturais e obrigando a humanidade a desenvolver um conjunto de normas e regras de relação com o meio ambiente. Regras essas que visam, em última análise, assegurar a existência da humanidade sobre a face da terra.


 



Nos primórdios do capitalismo, por exemplo, sequer havia a percepção de que era necessário racionalizar o uso de recursos naturais. A sensação era de inesgotabilidade desses recursos. As indústrias não tinham qualquer preocupação com a sustentabilidade de seus processos produtivos e sequer existia legislação ambiental.
Desprezando completamente o princípio dialético que determina que “na natureza como na sociedade todos os fenômenos estão interligados, interconectados e interdependentes” o capitalismo baseou seu crescimento econômico numa relação completamente irracional com o meio ambiente.


 



A conseqüência disso todos nós conhecemos: rios poluídos ou exterminados, florestas destruídas, solos imprestáveis, ar insuportável, endemias de toda natureza, alterações bruscas no clima, desertos e processos de desertificação em várias partes do planeta e a ameaça de um segundo dilúvio, desta feita pela elevação dos mares.
Fica evidente, portanto, que esse modo de produção não é compatível com uma sociedade que se pretende “desenvolvida” e alimenta a pretensão de longa permanência sobre este planeta.


 



Isso não significa abandonar os processos produtivos e abdicar de qualquer uso dos recursos naturais; significa tão somente que nós seremos obrigados, cada vez com maior intensidade, a desenvolver recursos tecnológicos que, a um só tempo, demande gradativamente menos recursos naturais e reduza acentuadamente eventuais impactos ambientais desses processos produtivos.


 



Desenvolvimento sustentado, portanto, não é a negação do uso de recursos naturais. É a sua utilização precedida de medidas que reduzam eventuais impactos ambientais, bem como a desejável redução do uso desses recursos a partir do desenvolvimento da ciência e da tecnologia.

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