O cara

Como milhares de outros brasileiros, fui também assistir ao filme “Lula, o Filho do Brasil”. Muitas cenas me emocionaram, algumas me fizeram lembrar de um período negro da história de nosso país, várias do terrível desequilíbrio social ainda vigente e outras me remeteram a minha adolescência.

Trata-se de um filme biográfico como o foi “2 Filhos de Francisco”, com a diferença de que, neste caso, conta-se a história de uma dupla sertaneja como inúmeras outras. Lula é único na história do Brasil. E talvez o seja por muito tempo.

Lula é o indivíduo mais popular do país e respeitado em todo o mundo como um estadista, uma liderança com voz ativa e participação aguardada em inúmeros eventos internacionais. Seu índice de aprovação é – para fazer jus às palavras repetidas pelo nosso presidente –, pela primeira vez na história deste país, repito, pela primeira vez na história deste país, o mais elevado e jamais atingido por nenhum político no cargo que ocupa.

Além da vida pessoal do presidente, oriundo das camadas mais excluídas de nossa população, o filme retrata um momento em que os operários do ABC foram personagens centrais da nossa História e de textos teatrais como “Eles Não Usam Black-Tie” de Gianfrancesco Guarnieri (adaptado para o cinema por Leon Hirszman e protagonizado por Fernanda Montenegro) e “Quando as Máquinas Param” de Plínio Marcos.

Uma cena marcante é a famosa reunião de 100 mil operários em um estádio de futebol em São Bernardo do Campo, na qual as palavras de Lula vão sendo repetidas pelas pessoas para que todos as ouvissem, uma vez que não havia microfone nem amplificadores à mão.

O movimento operário liderado por Lula culminou em uma passeata que reuniu mais de 150 mil pessoas, da qual tive a honra de participar, e que representa um marco nas atrocidades cometidas pela repressão às manifestações populares colocada em prática pela ditadura militar então vigente. Apesar de ter cercado a cidade com veículos, cães e helicópteros, o exército recuou no último momento permitindo assim, a contragosto, a livre expressão pública e evitando um inevitável banho de sangue.

Recentemente, ouvi de uma pessoa bem informada dizer que estava “decepcionada com o Lula”. Retruquei que “quem me decepcionou foram os banqueiros, os coronéis, o Congresso Nacional, a rede criminosa composta de políticos, empresários e juízes, e a resistência infame e acintosa à distribuição de renda em nosso país.”

É curioso como muitos adversários do Lula teimam em rejeitar todos os índices e indicadores positivos de seu governo, inclusive na esfera ética, cujas práticas hediondas foram escancaradas e divulgadas em cenas e gravações horripilantes, de suma importância para a consolidação da democracia e dos comportamentos decentes em todas as esferas da vida social.

Posso afirmar sem temor e com todo respeito às opiniões contrárias que saí do cinema orgulhoso de viver em um país que elegeu como presidente uma figura humana tão significativa, carismática e simbólica como Luiz Inácio Lula da Silva. Vale a pena ver essa história.

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