A mídia, a rua a e as expectativas de cada um

O tema é inevitável nesse tempo de peleja eleitoral. Está na boca dos candidatos, dos chamados cientistas políticos e se espraia por parcelas da opinião pública mais atentas. Vale a mais a mídia ou a rua na conquista do eleitorado?

Um dos candidatos a governador de Pernambuco, em franca inferioridade segundo as pesquisas, tem declarado que “quando começar a TV e o rádio vamos crescer”. Comentários semelhantes surgem de tantos outros, conforme as circunstâncias e as necessidades.

E há o debate formal, em ambientes acadêmicos e na própria mídia. Nestes, uma tendência crescente a priorizar amplamente a campanha midiática como fator decisivo, quase que exclusivo. Aos moldes das disputadas eleitorais norte-americanas, afirmam os mais afoitos.

Nem tanto o mar, nem tanto a terra. Primeiro, porque já se sabe à exaustão que por mais artificiosa que seja – ao sabor da criatividade e da competência de marqueteiros e comunicadores -, se a mensagem do candidato não corresponder ao sentimento da população, o fracasso será inevitável. E o sentimento da população em boa medida está grudado na realidade concreta.

O pesquisador do Instituto Vox Populi, Marcos Coimbra, em sucessivos artigos tem acentuado a relação íntima e quase indissociável entre a melhoria da qualidade material de vida das pessoas e a sua inclinação por este ou aquele candidato, desde que identificado com essa melhoria alcançada. Caso dos cerca de 30 milhões de brasileiros que ascenderam, nos últimos anos, àquele segmento que os critérios mercadológicos denominam “classe C”, aproximadamente 49% dos brasileiros aptos a votar no pleito de outubro.

Mais ainda: como dá consistência, credibilidade e emoção à campanha midiática sem a presença de fortes imagens da rua?

Que os meios eletrônicos, a Internet inclusive – também de inegável importância – se tornaram decisivos nos embates eleitorais, não resta dúvida. Porém jamais dispensarão as atividades de rua, em suas diversas dimensões, que significam o contato direto com o eleitor, o calor humano, o diálogo olhos nos olhos e o insubstituível aperto de mão.

A rua é indispensável tanto para o candidato como para o eleitor.

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