A imprensa que tem valor
Publicado 28/10/2010 19:38
As pessoas reclamam da despolitização das campanhas eleitorais esquecendo que há uma despolitização na sociedade que produz resultados eleitorais relativamente despolitizados. É um encadeamento que se autorreforça e somente pode ser interrompido e revertido se os fatores permanentes de socialização e de politização forem acionados com força: partidos políticos, sindicatos, associações, mídia, blogs, rádios comunitárias, imprensa sindical e muitos outros.
A grande imprensa contribui para a despolitização com a busca do espetaculoso e uma cobertura tendenciosa, parcial e desorientada. Nestas eleições, por exemplo, um dos grandes jornais declarou-se em editorial defensor de um candidato a presidente da República; o que poderia ser um forte ato político não passou de justificativa para a cobertura enviesada que já vinha produzindo, junto com a maioria dos concorrentes e assemelhados.
Quero ressaltar a grande diferença na cobertura eleitoral do jornal Valor Econômico. A editora de política, Maria Cristina Fernandes, tem procurado fazer um trabalho profissionalmente impecável, socialmente útil e politicamente correto e as pautas que cobre são as mais esclarecedoras sobre o processo eleitoral, campanhas e resultados.
Por exemplo, a série de reportagens sobre as bancadas partidárias eleitas para a Câmara dos Deputados, começada no dia 8 de outubro, tem especial relevância e merece ser lida e guardada como material de referência.
Os repórteres Caio Junqueira, Cristiane Agostini, Vandson Lima e Ana Paula Grabois, em um trabalho em que se percebe a orientação forte da editora, estão de parabéns.
A lista de bancadas partidárias analisadas até agora e os dias de edição são os seguintes: PT (8/10), PSDB (11/10), PP (13/10), PMDB (14/10), PDT (18/10), PTB (19/10), DEM (20/10), PSB (21/10), PR (22/10) e PC do B (25/10).