Dilma Presidenta: vale a pena lutar

A vitória de Dilma Rousseff vem carregada de simbolismos. Além de ser a 1ª mulher a presidir o Brasil – uma das mais importantes nações do mundo – ela conseguiu esse feito sem nunca ter disputado qualquer eleição para o legislativo ou o executivo.

Dela se espera muito, até pelo fato de substituir o governo mais bem avaliado da história republicana desse país. Mas, creio, não haverá surpresas.

Sua nítida formação de esquerda certamente contribuirá para aprofundar ainda mais as políticas sociais iniciadas no governo Lula, sem descuidar da infra-estrutura estratégica que o Brasil reclama desde sempre.

Essa logística de portos, aeroportos, hidrovias, ferrovias, rodovias, armazéns e fluxo regular de todos os meios de transporte precisam ser intensificados sob pena de condicionar o crescimento e o desenvolvimento do país.

A ciência e a tecnologia, sem dúvidas, receberão tratamento preferencial para assegurar o desenvolvimento sustentável que combine, a um só tempo, respeito ao meio ambiente e as tradições das distintas etnias indígenas que habitam o Brasil.

Mas isso é mais ou menos previsível pela formação marxista da nova presidenta. E isso ela deixou patente no seu discurso de comemoração da vitória. Definiu os rumos gerais com clareza e objetividade.

Por seu lado a direita, revelando seu caráter autoritário e pouco afeito ao jogo democrático, continuou destilando o mesmo rancor que lhe caracterizou em todo o 1º turno, mesmo diante de uma derrota acachapante. Pela 3ª vez seguida. Não aceitou sequer o gesto de conciliação que lhes fizera a nova presidenta Dilma Rousseff em nome do país.

As causas da vitória ou derrota nas diversas unidades da federação merecem uma análise mais cuidadosa. Mas, pelo menos no caso da Amazônia, a vitória ou a derrota se assenta no sucesso econômico e no falso tensionamento que existe entre produção e preservação, aí incluído o passivo indígena.

A exuberância econômica da Zona Franca de Manaus e de um conjunto enorme de investimentos federais/estaduais (ponte sobre o Rio Negro, Gasoduto, investimentos da Petrobrás, etc.) são as causas básicas que explicam o Amazonas ter assegurado a maior vitória percentual (80,57) a Dilma Rousseff.

Da mesma forma que a sua derrota no Acre, Rondônia e Roraima se explica por essa falsa contradição acima mencionada, especificamente o emblemático caso da demarcação da reserva indígena “Raposa Serra do Sol”, em Roraima. Não creio que a pitoresca alteração no fuso horário do Acre tenha sido responsável pela maior vitória obtida por Serra contra Dilma. E Rondônia, tal quais os “mato grosso”, parece não ter entendido, ainda, que o agronegócio ou qualquer outro processo produtivo terá muito mais apoio e viabilidade num governo tipo Dilma do que num eventual governo Serra.

Um balanço mais cauteloso será objeto de outro artigo.

Por enquanto o mais importante é salientar, destacar, exaltar, que lutar vale apenas. Esse é o grande simbolismo da vitória de Dilma Rousseff.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor