Vocabulário da política

Pessoas interessadas em política têm como uma das principais referências de consulta o Dicionário de Política, de Norberto Bobbio e outros. Pois a Edições Unilegis de Ciência Política, do Senado, lançou, no último dia 9, obra também de referência, que tem o Brasil como uma de suas fontes de verbete: o Vocabulário da Política, de autoria de Octaciano Nogueira.

 
Octaciano, o autor, no lançamento do livro  

O autor exerceu o magistério no Departamento de Ciência Política da Universidade de Brasília por mais de vinte anos e assessorou órgãos dos poderes Executivo e Legislativo federais. Diz que realizou o “trabalho de pesquisa e compilação” para responder aos alunos e pretende que o livro seja útil “a quantos se preocupam com o crescente desprestígio que cerca o exercício da Política nos últimos anos”. Busca as “razões, motivos e estímulos que podem tornar o exercício da Política a mais nobre das atividades”.

Durante os 22 anos em que foi professor, Octaciano da Costa Nogueira Filho colheu as dúvidas dos alunos e a ideia do livro surgiu como forma de suprir esses questionamentos. “Esta é uma obra de referência que serve tanto os leigos quanto os políticos e os estudantes de Ciência Política”, explicou.

O volume, de 464 páginas e mais de 600 verbetes, reflete a convicção do autor “de que um só termo, uma só palavra, uma só expressão pode conter em si ideias contrárias, conceitos contraditórios e concepções opostas”. Ao tratar do verbete Militância/militante, por exemplo, Octaciano distingue o militante, “aquele que, sendo partidário ou adepto de ideias, credos ou convicções”, atua em sua defesa, do militante de um partido, “o que dá apoio ou sustentação aos ideais, programas ou interesses partidários. Os partidos dependem, portanto, não só de seus dirigentes, que em alguns casos defendem interesses pessoais, mas também de seus adeptos, de seus partidários e de seus militantes”. Destaca que os militantes do partido são aqueles que “participam de todas as etapas da vida partidária, cobrando-lhes coerência, fiscalizando sua atuação e participando de seu destino, pois como as pessoas e as instituições, os partidos também vivem e morrem, desaparecendo do panorama político quando lhes faltam os meios de sua subsistência – votos e apoio popular”.

Como exemplo do brasileirismo do vocabulário apresentado, reproduzo a entrada CORONELISMO. As palavras em itálico seguido de asterisco remetem a outros verbetes contidos no volume: “Coronelismo é a palavra usada no Brasil para designar uma das modalidades do Caudilhismo*, similar portanto de Caciquismo*. O termo é derivado dos poderes atribuídos aos coronéis da Guarda Nacional, criada no Império pelo Regente Diogo Antônio Feijó, para enfrentar os tumultos protagonizados pelos mercenários que combateram no Uruguai durante o 1º Reinado e que foram desmobilizados, depois da renúncia de d. Pedro I. A patente de Coronel da Guarda Nacional era atribuída, no Império, aos fazendeiros e proprietários rurais com grande influência e poder no interior do país, responsáveis pela arregimentação e sustento dos efetivos colocados sob seu comando. O termo foi generalizado graças à tese do jurista Victor Nunes Leal, que, publicada em livro com o título de Coronelismo, enxada e voto, e o subtítulo O município e o regime representativo no Brasil (SP, Ed. Alfa-Ômega, 1976), tornou-se um clássico da sociologia política brasileira e um texto essencial para a compreensão da realidade nacional, do ponto de vista político e sociológico”.

Vocabulário da Política, R$ 20,00, pode ser solicitado pelo endereço http://www.senado.gov.br/publicacoes/Livraria/asp/Apresentacao.asp

Politiquemos, sem caciquismos, no twitter: @carlopo

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