O Samba como negócio

Prestes a completar 100 anos de existência, desde que o primeiro samba foi gravado no Brasil, em 27 de novembro de 1916, (a canção “Pelo Telefone” composta por Donga e Mauro Almeida), muita coisa mudou neste autêntico símbolo de brasilidade.

A origem do samba está relacionada aos antigos batuques trazidos pelos africanos que vieram escravizados para o Brasil. Tais batuques eram, em geral, associados a elementos religiosos e funcionavam como uma forma de expressão musical e de dança, com percussão e movimentos do corpo. Aos poucos, o ritmo incorporou novos elementos, recebendo influência de outras músicas criando diversas vertentes dentro de um mesmo estilo.

Se por muitos anos o gênero, que é fruto de nossas raízes africanas, existiu na marginalidade e foi renegado pela elite branca do Brasil, a evolução do estilo – passando pelo nascimento do samba urbano nos bairros cariocas, a estréia no rádio e as décadas de composições e interpretações memoráveis, o transformou em um verdadeiro patrimônio brasileiro. Hoje, próximo de seu centenário, além de reconhecido mundialmente, o samba é considerado uma das principais manifestações populares no país. Mais do que isso, virou um negócio, que movimenta uma parcela significativa da economia como o turismo e entretenimento, gerando milhares de empregos diretos e indiretos.

Sobre esta questão econômica em especial, tive a oportunidade levantar a discussão em um seminário que promovemos na Secretaria Municipal de Promoção da Igualdade Racial intitulado o “Samba como Negócio”. Se o ritmo agora é admirado e consolidado no mercado da indústria fonográfica, a enorme cadeia produtiva que o gênero produz, não necessariamente tem o seu lucro compartilhado com quem ajudou a construí-la, os negros.

Assim como ocorreu com o jazz nos Estados Unidos, o muro que separava o samba da elite, classificando-o como musica de pretos e pobres foi atravessado. Agora precisamos lutar para conquistar outros espaços e fazer com que o respeito e admiração também sejam sinônimos de políticas de desenvolvimento econômico para aqueles que o criaram.

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