México de pé versus golpistas de joelho perante o império
Andrés Manuel López Obrador obteve um triunfo contundente nas eleições presidenciais mexicanas deste domingo (1º/7), vencendo seus concorrentes com ampla vantagem. Obteve 53 por cento dos votos, superando de maneira incontestável o segundo colocado, em mais de 20 pontos percentuais.
Publicado 02/07/2018 09:14

Uma jornada democrática memorável, depois de uma campanha eleitoral marcada pela violência, com ao menos 145 políticos assassinados desde setembro, dos quais 48 eram pré-candidatos e candidatos.
López Obrador vence como um líder popular que contestou o apodrecido sistema político mexicano, insurgiu-se contra as abissais desigualdades sociais, defendeu a soberania do país asteca em face do domínio e das ameaças estadunidenses e denunciou a desbragada corrupção.
À frente de uma coalizão que uniu sua formação política, o Morena (Movimento de Regeneração Nacional), com o Partido do Trabalho, uma organização de esquerda revolucionária, bateu a esdrúxula coalizão formada pelo direitista PAN (Partido de Ação Nacional) e o PRD (Partido da Revolução Democrática), de centro esquerda, e o Partido Revolucionário Institucional (PRI). Este sofre a sua pior derrota, em um humilhante terceiro lugar, depois de ter dominado a cena política mexicana durante quase todo o século 20 e de ter estado na presidência da República durante os últimos seis anos, com o desastroso governo de Peña Nieto.
Obrador soube capitalizar o profundo e extenso descontentamento do povo mexicano e sintetizar suas esperanças e aspirações. Sua eleição é o triunfo da democracia e da soberania nacional, representa uma renovação da esperança para o povo mexicano e abre novos caminhos para a nação de Pancho Villa e Zapata.
A vitória de López Obrador representa uma esperança não só para o México, mas para toda a região da América Latina e Caribe. Desde 2009, quando ocorreu o golpe de Estado em Honduras, a região tem sido convulsionada por golpes, intentonas de magnicídio, movimentos separatistas, rebeliões violentas insufladas pelas classes dominantes e o imperialismo e a retomada de governos nacionais por partidos de direita, neoliberais e pró-imperialistas, em processos eleitorais marcados pela manipulação midiática, mentiras e chantagem psicológica sobre o eleitorado.
A eleição de López Obrador no México acende a esperança de deter a ofensiva antidemocrática na região, uma onda contrarrevolucionária que ameaça destruir conquistas sociais e a integração soberana de povos.
O gesto de dignidade e afirmação da soberania popular mexicana contrasta com a atitude servil e submissa ao império de governos como o que está à frente do regime golpista brasileiro.
Durante a semana passada, quando o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, visitou o Brasil, obteve, entre afagos e lisonjas àqueles que no Planalto e no Itamaraty enxovalham a honra e a dignidade da nação brasileira, o compromisso dos golpistas de agir para isolar a Venezuela no concerto das nações sul-americanas e contribuir para a derrocada do governo legítimo da Revolução Bolivariana.
O triunfo de Obrador no México tem, assim, sentido geopolítico, e pode ser o marco de um novo ciclo político na América Latina. Um contraste entre a manifestação de altaneria e autodeterminação de seu povo com a subserviência dos golpistas brasileiros de joelho perante Trump e seus prepostos.