Bolsonaro tira poder de Guedes diante da indefinição sobre orçamento
Em crise com o Congresso, o governo toma decisões e busca um acordo sobre a definição do orçamento impositivo
Publicado 03/03/2020 15:09 | Editado 03/03/2020 16:37

Em meio ao impasse sobre a manutenção ou não do veto do presidente ao trecho da lei orçamentária que liberar R$ 31 bilhões de emenda impositiva, Bolsonaro publicou despacho nesta terça-feira (3), no Diário Oficial da União, retirando poderes do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre a movimentação do orçamento.
Agora, Guedes não pode abrir crédito suplementar e especial ou fazer o remanejamento de recursos entre pastas e órgãos.
Desde o início do mandato, o superministro de Bolsonaro tinha o poder de decidir sobre a abertura de créditos suplementares e especiais, pagamento de restos a pagar de anos anteriores e remanejamento de verbas.
No despacho, Bolsonaro argumenta que a decisão foi ancorada na “necessidade de avaliação do alcance e da aplicabilidade da impositividade do orçamento”.
Ao negar a crise, o ministro da Economia avisou que a retirada de poderes foi um pedido seu “em razão das incertezas geradas pela mudança da legislação relacionada ao Orçamento Impositivo”.
“Com a falta da regulamentação, as equipes técnicas ainda têm dúvidas sobre como o orçamento impositivo deve ser executado e se os instrumentos legais e administrativos atualmente existentes são suficientes para regular essa execução”, diz o ministério.
Acordo
Para a votar a matéria ainda nesta terça-feira, o governo busca um acordo com os parlamentares.
Há uma sinalização para resolver o controle de cerca de R$ 30,1 bilhões do Orçamento deste ano.
Segundo apurou o UOL, a proposta mantém nas mãos do Congresso os R$ 15 bilhões realocados de outras pastas e devolve ao Planalto a execução do restante.
O governo vai encaminhar nesta terça-feira um projeto regulamentando como os recursos previstos para 2020 serão executados.
A relação do Congresso com o Executivo azedou ainda mais quando Bolsonaro compartilhou um vídeo convocando ato no dia 15 contra o Congresso e o STF (Supremo Tribunal Federal).
A oposição, partidos de centro, centro-direita, centrais sindicais e movimento social consideraram a ação de Bolsonaro como uma ameaça grave contra a democracia.
É nesse clima de instabilidade política que se discute a aplicação do orçamento da União para este ano.