Mantra da democracia: “Dividir o campo de lá e unificar o campo de cá”
Derrotar o bolsonarismo exige dividir o campo de lá e unificar o campo de cá, essa premissa foge do puritanismo, guetização e do conforto político, esse, é o sacrifício para constituir uma unidade de frente ampla capaz de defender o estado democrático de direito e derrotar a direita de caráter fascista.
Publicado 04/03/2020 20:10
Os índices de aprovação do Governo Bolsonaro têm caído, entretanto, ainda, lidera as pesquisas eleitorais para presidência da república. As pesquisas realizadas pelo Instituto MDA, Bolsonaro aparece na frente com 29,1% – (pesquisa realizada em 15 a 18 de janeiro) e já na consultoria política Atlas Político, ele, lidera com 41% ( pesquisa realizada em 07 a 09 de fevereiro). Esses dados demonstram que o atual governo tem força política numérica.
A base de apoiadores de Bolsonaro é orgânica, odiosa, normatizada e economicamente elitizada, mas que se pulveriza nas camadas populares por diversos veículos. Vale destacar que o eleitorado evangélico representa quase um terço da população brasileira e que indiscutivelmente estão na base de apoio do atual governo. Dos 513 deputados federais, 107 são evangélicos e no senado são 15, dos 81 senadores. O que demonstra organicidade entre os parlamentes e as suas organizações religiosas que estão espalhadas nas diversas periferias brasileiras. Nas eleições municipais devem ampliar o seu quantitativo de vereadores. Na Igreja Católica alguns segmentos combatem o Papa Francisco e apoiam o bolsonarismo.
Além dos religiosos, organizações suprapartidárias de direita de forma direta e indireta apoiam o bolsonarismo (conservadores, liberais e integralistas). O General Mourão, vice-presidente da república, é uma articulação do PRTB, partido que tem ligações com a Frente Integralista Brasileira – FIB e que é presidido por José Levy Fidelix.
Neste bojo, militares e milicianos também incorporam o seu apoio. A greve dos Policiais Militares no Ceará foi um exemplo, alguns militares apareceram com camisas com a imagem de Bolsonaro. A bancada da Bala no Congresso Nacional tem 304 deputados de vários partidos, a maioria governistas. Empresários e ruralistas com mandatos parlamentes compõe também esse leque de apoio.
A engenharia política de Bolsonaro inclui ainda técnicas de microtargeting e profiling, que faz com quem ele defina público, desperte interesse e consiga apoio engajados nas redes sociais. Sem contabilizar os disparos de robôs e as notícias impulsionadas.
O inimigo é real e não pode ser subestimado. Não é o bobalhão, o que ele fala, faz total sentido para os seus seguidores e tem ressonância política e capilaridade nas periferias e nos casarões.
É preciso uma frente ampla que ultrapasse o campo da esquerda e que dívida a direita. Necessitamos ocupar os espaços de base comunitária, as redes sociais, as ruas e os espaços institucionais. Precisamos ocupar e permanecer vigilantes, conquistar mentes e corações. Reinventar as formas de caminhar, sem perder o norte do caminho.
É preciso barrar o bolsonarismo. Frente ampla que aglutine religiosos, militares comprometidos com a democracia, democratas, progressistas, movimentos identitários, ativistas e segmentos descontentes com atual governo e que historicamente não são do nosso campo ideológico.
Na política, a matemática nem sempre é a soma das boas ideias, mas leva em consideração as variantes das condições objetivas e o quantitativo de articulações e mobilizações de cada força política.
Precisamos criar as condições favoráveis para derrotar o bolsonarista. O isolamento, o sectarismo e o fechamento de portas neste momento é um suicídio predeterminado para democracia.