Um passeio pelo 50ª Festival KNE-Odigitis

Realizado anualmente entre junho e setembro, o festival acontece em mais de 100 cidades, culminando em uma edição final em Atenas.

50ª Festival FNE-Odigitis 5 | Foto: divulgação

O 50º Festival KNE-Odigitis encerrou-se no sábado, 21 de setembro, em Atenas, Grécia. Desde 1975, este evento tornou-se uma presença significativa na vida política e cultural do país, organizado pela Juventude Comunista Grega (KNE).

Realizado anualmente entre junho e setembro, o festival acontece em mais de 100 cidades, culminando em uma edição final em Atenas. Diferentemente de outros festivais, como a Festa do Avante e a Fête de l’Humanité, o KNE-Odigitis é descentralizado, ocorre exclusivamente à noite, a partir das 18h, durante quatro dias e é organizado pela juventude comunista e não pelo partido.

As delegações internacionais convidadas sempre marcam presença nos festivais, e na celebração do cinquentenário do Festival KNE-Odigitis não foi diferente. O evento contou com diversas delegações de lutadores e lutadoras de diversas partes do mundo, contando mais de quarenta presentes, que se reuniram para compartilhar ideias, fortalecer laços de solidariedade e promover o intercâmbio cultural e político.

A edição de 2024, que celebrou o cinquentenário dos festivais, contou com uma expressiva delegação internacional, reunindo jovens de diversas partes do mundo. O evento aconteceu no Parque Ambiental Antonis Tritsis, em Atenas, entre os dias 18 e 21 de setembro. O público desfrutou de uma ampla gama de atividades, como debates temáticos, atos de solidariedade, exposições, apresentações artísticas e musicais, uma feira literária e programação infantil, distribuídas por quatro palcos, com mais de 400 artistas atuando em diversas apresentações.

No sábado, último dia do evento, houve um grande ato político, incluindo a saudação do Secretário Geral da KNE, Thodoris Kotsantis, e o aclamado discurso do Secretário-Geral do Comitê Central do KKE, Dimitris Koutsoubas. Ao longo dos dois discursos, foi possível perceber bem a força da militância comunista grega, com muitas bandeiras do partido, cânticos e palavras de ordem revolucionárias.

Considerado o maior evento político-cultural da Grécia, o Festival KNE-Odigitis promove a esperança, a criação e a luta, mobilizando milhares de membros e amigos da KNE e do KKE para construí-lo e mantê-lo vivo. A KNE destaca a importância de preservar o Parque Tritsis como um espaço público, resistindo aos interesses empresariais. A realização do festival no local é uma forma de contribuir para a sua proteção, promoção e modernização, resistindo à negligência dos governos anteriores e atuais.

Entre os pontos mais concorridos do festival, está a feira literária, que conta com dois grandes estandes em que várias editoras oferecem ao público uma ampla gama de títulos que vão do conteúdo mais teórico à literatura infantil, passando por grandes biografias, livros históricos sobre importantes momentos das lutas populares gregas, história do partido, da juventude e reflexões sobre a situação europeia e internacional.

Igualmente movimentada é a exposição de artes plásticas, que neste ano reuniu obras produzidas desde principiantes a reconhecidos artistas gregos. Este ano a exposição levou o nome de “De olho no futuro” e foi organizada pela Comissão de Cultura da KNE.

Por ser um festival organizado pela juventude, um dos espaços mais movimentados é a Estação dos Estudantes, um ponto de encontro, discussão, criação e entretenimento. São milhares de estudantes que entraram em contato com a KNE através da chamada: “Com a KNE mudamos o mundo, o nosso futuro é o socialismo”. Nesta área do parque, foi também construída uma exposição com telas interativas, tablets, material audiovisual, vídeos, questionários eletrônicos e gráficos que mostram aos estudantes o mundo em que vivem e crescem, cheio de problemas, situações difíceis do dia a dia e as contradições do capitalismo.

Segundo os organizadores, a exposição foi elaborada para mostrar que apesar do cultivo à desilusão, da apatia e desinteresse pelos movimentos, do anticomunismo, da ignorância e da falta de experiência, natural entre os jovens, os estudantes podem descobrir porque é que o projeto socialista é realista, necessário e oportuno. Ao caminharem pelos painéis, os estudantes são convidados a refletir sobre o que gostariam de mudar no mundo e quais as coisas mais diferentes de serem mudadas.

No Palco Estudantil se apresentaram grupos musicais e artísticos estudantis, além de debates políticos sobre a cultura pop, o que é ser anti-sistêmico hoje e como são os revolucionários hoje, com a grande dirigente comunista Aleka Papariga, entre outros debatedores.

Outra marca importante do Festival foi a solidariedade à Palestina. Foram relembradas as atividades realizadas em universidades de todo o mundo em 2024, grandes manifestações, ocupações e protestos nos principais campus estudantis do planeta. Um fio que ligou as lutas das universidades dos EUA e da UE, com os lemas Fim do Genocídio e BDS (boicote, sançõe e desinvestimento).

Os pequeninos e pequeninas também tiveram seu espaço que ganhou o nome de “Jovens e velhos nos tornamos um e desenhamos o mundo” e funcionou nos 4 dias de Festival. Com uma programação rica e lúdica que cultivou o coletivo, o gosto pelo conhecimento, pela criação e pela descoberta, com atuações marcantes e performances para marcar os pequenos visitantes. Forma oficinas, shows de magia, shows de músicas e canções, teatro de sombras, desafios arqueológicos, shows de bolhas de sabão, shows de malabarismo, teatro de marionetes e contação de histórias, incluindo três contos populares cubanos.

Dos pequenos aos mais velhos, dos que buscaram debates mais sérios aos que queriam programações mais leves e divertidas, todos encontraram ao longo de quatro noites um Festival empolgante, politizado e certamente marcante para a política e a cultura popular dos gregos e daqueles de outras partes do mundo que puderam desfrutar.