Lula anuncia investimentos bilionários em Belém para a COP30
Ao escolher Belém como sede da COP30 e promover ações que abrangem infraestrutura, ciência, segurança e empreendedorismo, o governo aponta para uma transformação profunda na capital paraense
Publicado 14/02/2025 15:42 | Editado 18/02/2025 08:42

Em um dia marcado por grandes anúncios e vistoria em obras, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, nesta sexta-feira (14), da divulgação dos investimentos do governo federal em Belém, cidade-sede da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30). O evento de apresentação aconteceu no histórico Mercado São Brás, recentemente revitalizado, que agora funcionará como um centro gastronômico e cultural, simbolizando a valorização da tradição e da cultura paraense.
Antes da cerimônia, Lula visitou as obras do Parque da Cidade, espaço que sediará a programação da conferência em novembro. “Muita gente achava que era uma loucura fazer a COP no Pará. Eu vim aqui para fazer uma fiscalização. E eu estou satisfeito com as coisas que vi aqui, por uma razão muito simples: não é fácil tomar uma decisão de fazer um evento da magnitude de uma COP em um estado que não seja São Paulo ou Rio de Janeiro”, afirmou o presidente.
Segundo Lula, “o Pará é um estado importante nesse país” e os investimentos realizados precisam se traduzir em melhorias concretas para a população. “Por teimosia, eu resolvi que o estado do Pará iria fazer a COP da vida. Se a gente não faz isso, só os mesmos estados se desenvolvem. E por que não começar a desenvolver os outros?”, completou.
Investimentos em infraestrutura e desenvolvimento urbano
O Parque da Cidade, que receberá 60 mil pessoas de delegações de 193 países, abrange 500 mil metros quadrados e conta com 50 hectares de área paisagística. Com R$ 980 milhões já investidos no equipamento, 74% das obras estão concluídas. Os recursos para preparar Belém como cidade-sede da COP30, estimados em R$ 5 bilhões, vêm do Orçamento, do BNDES e de Itaipu Binacional. Atualmente, mais de 30 projetos de desenvolvimento urbano, mobilidade e saneamento estão em andamento.
Em paralelo, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos anunciou portaria para alienação de terrenos em bairros como Terra Firme, Guamá, Marco e Universitário – em área pertencente à UFPA – beneficiando mais de 340 mil famílias com a regularização fundiária.
Ações para a Amazônia e fortalecimento das estruturas de segurança

O governo também divulgou investimentos de R$ 300 milhões para o Programa Pró-Amazônia, conduzido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, que visam criar ou apoiar centros avançados de pesquisa colaborativa na Amazônia Legal. Além disso, foi autorizada uma chamada pública para projetos de cooperação internacional em pesquisas entre o Brasil e países pan-amazônicos, com aporte de R$ 33,5 milhões.
Durante a cerimônia, o BNDES e o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima assinaram contrato de apoio financeiro não reembolsável de R$ 45 milhões do Fundo Amazônia para o governo do Pará. O investimento tem a finalidade de fortalecer a estrutura do Corpo de Bombeiros Militar, além de custear ações de prevenção e combate a incêndios florestais e queimadas ilegais. Outro contrato firmado pelo BNDES visa apoiar o Ideflor-Bio na estruturação de projetos para concessões florestais, promovendo o manejo sustentável.
Aviação, mobilidade urbana e microcrédito
Na área de mobilidade e infraestrutura, a cerimônia marcou o início das obras de ampliação dos aeroportos de Santarém, Marabá, Carajás e Altamira, com mais de R$ 1 bilhão investidos no setor de aviação do Pará. Na manhã do mesmo dia, Lula e o prefeito de Belém, Igor Normando, visitaram o Mercado São Brás para avaliar as melhorias implementadas. “Este mercado é um símbolo da nossa cultura e tradição. A revitalização representa um investimento no futuro de Belém, promovendo o turismo e valorizando a gastronomia local”, destacou o presidente.
Adicionalmente, foram anunciados R$ 250 milhões do BNDES para a urbanização da capital paraense, R$ 45 milhões do Fundo Amazônia para combate a incêndios e R$ 470 milhões para a ampliação do Aeroporto Internacional de Belém. Outra novidade foi a ampliação do programa Microcrédito Produtivo Orientado, do Banco da Amazônia, que oferecerá linhas de crédito com taxas reduzidas, prazos de até dois anos e limite de até R$ 21 mil para pequenos empreendedores. “Com a ampliação deste programa, estamos garantindo mais possibilidades para quem mais precisa e investindo no futuro de nosso país”, ressaltou Lula, enquanto o prefeito Igor Normando destacou a importância da medida para fortalecer a economia local e gerar empregos.
Projetos de macrodrenagem e urbanização integrados
Em seu segundo dia de viagem ao Pará, o presidente deverá anunciar mais R$ 250 milhões do BNDES para projetos de macrodrenagem e urbanização na capital. O novo aporte integra o maior investimento em urbanização integrada de favelas e periferias já apoiado pelo Banco, somando R$ 505 milhões dos R$ 847 milhões propostos para os projetos – além dos R$ 255 milhões já liberados em 2024.
Entre os destaques estão as obras de macrodrenagem das bacias do Tucunduba e Murutucu, que abrangem nove canais com quase 10 km de extensão e um investimento total de R$ 739 milhões. A iniciativa visa melhorar a infraestrutura urbana e reduzir as enchentes que afetam cerca de 300 mil pessoas. Outros projetos em andamento na cidade incluem o Parque Linear da Almirante Tamandaré, o Terminal Fluvial do Tamandaré – com mais de R$ 220 milhões investidos –, a instalação do Terminal Hidroviário Internacional para operação de navios de cruzeiro, o Museu das Amazônias (em parceria com o BNDES) e o Conjunto dos Mercedários e Casa BNDES COP30, com investimento de R$ 36 milhões.
Um novo capítulo para Belém
A visita do presidente Lula e dos gestores locais reafirma o compromisso do governo federal com o desenvolvimento regional e a descentralização dos grandes investimentos. Ao escolher Belém como sede da COP30 e promover ações que abrangem infraestrutura, ciência, segurança e incentivo ao empreendedorismo, o governo aponta para uma transformação profunda na capital paraense – que, segundo autoridades, se traduzirá em melhorias para toda a população.
Com a COP30 marcada para novembro de 2025, Belém se prepara para receber o mundo, não apenas como palco de debates climáticos, mas como exemplo de desenvolvimento sustentável e integração de políticas públicas que visam reduzir desigualdades e promover o progresso regional.
Neste sábado (15), Lula deve anunciar mais R$ 250 milhões do BNDES para macrodrenagem e sobrevoar obras na capital. Com a COP30 a 16 meses de distância, o desafio é acelerar projetos enquanto o mundo observa se o Brasil transformará discursos climáticos em ações concretas na Amazônia.
