A política no posto de comando
“O povo precisa de muito mais, carece de esclarecimento sobre o que ocorre no país e os enormes obstáculos que o governo enfrenta.”
Publicado 27/02/2025 11:49 | Editado 27/02/2025 10:50

Governar um país da dimensão e da complexidade do Brasil é missão hercúlea, infinitamente complexa, diuturnamente desafiante sob todos os aspectos.
Lula governa pela terceira vez, agora em circunstâncias muito mais difíceis do que antes.
A ordem mundial em transição para a multipolaridade é marcada por solavancos de toda natureza, alguns que incidem negativamente sobre o nosso país, outros abrem janelas de oportunidades. Todos igualmente desafiantes.
O país carece de recuperação em razão dos muitos atrasos contabilizados desde o segundo governo Dilma, marcado pela crise política e pelo descenso da economia, e sobretudo pelo desastroso período Temer-Bolsonaro.
Isto sob condições políticas em muitos aspectos adversas, a partir mesmo da real correlação de forças no Senado e na Câmara dos Deputados; uma classe dominante submissa, econômica e financeiramente imbricada com o capital financeiro internacional; e um poderoso complexo midiático unanimemente de oposição.
Demais, a base social com a qual o governo é prioritariamente comprometido — os trabalhadores e segmentos médios da população — vive transformações objetivas, tanto no modo como se organiza para produzir bens e serviços, como para se sustentar através do trabalho informal.
Uma maioria carente e ao mesmo tempo suscetível à avalanche midiática (convencional e digital) alimentada diuturnamente pelo conservadorismo e pela extrema direita.
Nestas circunstâncias, o debate acerca do nível das entregas ostentadas pelo governo e de uma pretendida melhora na comunicação é insuficiente.
A última aparição do presidente da República em horário nobre e em cadeia nacional de TV e rádio, amplificada nos meios digitais — para abordar dois programas de atenção às necessidades básicas da população, o Pé de Meia e o Farmácia Popular — pautou-se pelo que historicamente se tem denominado “economicismo”.
O povo precisa de muito mais, carece de esclarecimento sobre o que ocorre no país e os enormes obstáculos que o governo enfrenta.
O discurso que não correlaciona fatos e problemas imediatos com a disputa política que se trava em plano nacional não emociona, não esclarece e não mobiliza.
Ministros que apenas prestam conta das realizações de suas pastas sem conexão com a luta política em curso no mundo e no país tão somente repetem a falha do presidente.
O governo Lula 3 precisa urgentemente colocar a política no posto de comando.