Economia brasileira cresce o dobro pós-pandemia em relação ao período pré-crise
Estudo da FIEMG aponta que PIB avançou 3,2% ao ano entre 2022 e 2024, impulsionado pelo consumo e setor de serviços
Publicado 30/03/2025 10:06 | Editado 31/03/2025 17:29

Cinco anos após o início da pandemia de Covid-19, a economia brasileira não apenas se recuperou, mas atingiu um ritmo de crescimento superior ao do período pré-crise. Um estudo da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) revela que, entre 2023 e 2024, sob a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro alcançou taxas médias anuais de crescimento superiores às registradas no período pré-pandemia, saltando de 1,4% (2017-2019) para 3,2% (2022-2024), mais que o dobro da média pré-pandemia.
Essa aceleração foi atribuída principalmente ao aumento dos gastos públicos, à expansão do crédito e ao fortalecimento do consumo interno. Políticas fiscais implementadas pelo governo Lula, como programas de transferência de renda e investimentos em infraestrutura, ajudaram a elevar a renda das famílias e estimularam o aquecimento do mercado interno.
Recuperação impulsionada pelo consumo e serviços
O levantamento aponta que essa recuperação acelerada foi impulsionada pelo aumento do consumo, fortalecido pela recuperação do mercado de trabalho e pela ampliação do crédito. O setor de serviços foi o grande motor dessa expansão, crescendo 15,9% no Brasil em relação ao período pré-pandemia.
Um dos destaques do estudo é a melhoria significativa no mercado de trabalho durante o governo Lula. Em 2024, o Brasil registrou a menor taxa de desemprego desde o início da série histórica do IBGE, em 2012. A taxa caiu para 6,2% no país e atingiu impressionantes 4,3% em Minas Gerais, refletindo uma criação líquida de 7,9 milhões de postos de trabalho entre 2021 e 2024.

O estudo aponta que programas emergenciais, como o Auxílio Emergencial e o BEm (Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda), lançados na pandemia, pavimentaram o caminho para a retomada do emprego formal. Além disso, iniciativas específicas para o fomento de pequenas e médias empresas, ampliadas durante o governo Lula, contribuíram para a geração de novos empregos em setores estratégicos.
“O Brasil demonstrou uma capacidade de reação surpreendente no pós-pandemia, com estímulos econômicos que impulsionaram a renda das famílias e o consumo. O setor de serviços, por exemplo, retomou rapidamente suas atividades e superou os níveis de 2019”, destaca Flávio Roscoe, presidente da FIEMG.
Já o comércio brasileiro voltou aos patamares normais em junho de 2020, impulsionado pela digitalização do consumo e pela demanda por bens essenciais, como alimentos e produtos farmacêuticos. O crescimento do e-commerce e das vendas remotas também foi determinante para essa retomada.
Esse dinamismo foi sustentado por fatores como o aumento da massa salarial, a queda do desemprego e a ampliação do crédito, que fortaleceram o consumo de serviços. O estudo destaca que políticas de incentivo ao turismo e ao comércio local, priorizadas pelo governo Lula, foram fundamentais para esse desempenho.
Indústria reage, mas enfrenta desafios
A indústria também teve uma recuperação inicial rápida, mas enfrentou desafios ao longo dos anos seguintes. A produção industrial nacional voltou aos níveis pré-pandemia em agosto de 2020, mas perdeu fôlego a partir de 2021, com períodos de estagnação.
“A indústria reagiu bem ao choque inicial, mas depois enfrentou obstáculos, como a inflação elevada e a necessidade de ajustes na política monetária. Ainda assim, o setor segue sendo essencial para garantir um crescimento sustentado no longo prazo”, explica Roscoe.
O estudo da FIEMG ainda destaca que os estímulos fiscais e monetários, fundamentais para a recuperação, tiveram como efeito colateral o aumento da inflação, com o Banco Central iniciando um ciclo de alta na taxa básica de juros (Selic) nos anos seguintes.
“O crescimento econômico trouxe saldo positivo na criação de empregos e na renda real das famílias, mas também exigiu ajustes para conter a inflação. O desafio agora é garantir um equilíbrio entre crescimento e estabilidade macroeconômica”, ressalta Roscoe.
Minas Gerais acima da média nacional
Embora o estudo tenha foco nacional, os dados também indicam que Minas Gerais teve uma recuperação acima da média em diversos setores. O volume de serviços, por exemplo, cresceu 32,7% no estado, mais que o dobro da média nacional. Além disso, a indústria mineira, tanto na área de transformação quanto na extrativa, se destacou pela rápida recomposição pós-pandemia.
“O desempenho de Minas Gerais reflete a força da indústria e dos serviços no estado, mas também sinaliza que o Brasil, como um todo, tem potencial para crescer de forma consistente, desde que haja um ambiente de negócios favorável e políticas de estímulo bem calibradas”, conclui o presidente da FIEMG.