Racha na direita: É possível um Bolsonarismo sem Bolsonaro?

Além disso, tal fenômeno seria capaz de se mostrar mais competitivo ou perderia força na disputa eleitoral?

Imagem: Paula Cardoso

As eleições de 2026 já começam a agitar o cenário político brasileiro, com movimentações tanto na esquerda quanto no campo conservador, onde as disputas internas têm se tornado mais acirradas. No espectro da direita, uma questão crucial emerge: é possível conceber um bolsonarismo desvinculado de Bolsonaro? Além disso, tal fenômeno seria capaz de se mostrar mais competitivo ou perderia força na disputa eleitoral?

O cenário atual revela uma evidente fragmentação no grupo conservador, com pesquisas recentes indicando a ausência de um nome de consenso para suceder Bolsonaro. Figuras como Ronaldo Caiado, Romeu Zema e Tarcísio de Freitas movimentam-se nos bastidores, cada qual em busca de espaço e relevância. Zema, por exemplo, ao concluir seu mandato, estará impedido de buscar a reeleição, o que o coloca diante de decisões estratégicas, como uma possível candidatura à Presidência ou ao Senado. Tarcísio, por sua vez, desponta como o principal nome incentivado a assumir o protagonismo no lugar de Bolsonaro; contudo, seu caminho mais consolidado parece ser a continuidade no Governo do Estado de São Paulo.

Os atos pela anistia realizados no Rio de Janeiro e em São Paulo evidenciaram ainda mais esse racha. No Rio, a desmobilização dos regionais gerou insatisfação e traumas internos no campo conservador. Em São Paulo, Tarcísio, embora ainda apoiando Bolsonaro, deixou dúvidas sobre sua real posição, alimentando especulações sobre o caminho que pretende seguir.

Outro foco de tensão está na Câmara dos Deputados, onde alterações no projeto de anistia que excluem Bolsonaro têm sido alvo de intensos debates. Essa movimentação trouxe Michel Temer de volta ao cenário político, atuando como mediador em busca de um acordo entre o STF e a Câmara para um projeto de anistia mais restritivo. Com sua vasta experiência, Temer tenta articular uma ampla coalizão que una centro e direita em torno de uma candidatura competitiva à Presidência.

Pesquisas recentes reforçam o destaque de Tarcísio, que apresenta menor rejeição e maior potencial de crescimento eleitoral. Esse cenário indica que o bolsonarismo sem Bolsonaro pode ser mais competitivo, especialmente ao se distanciar de posições extremas e se tornar mais palatável para a sociedade.

Para a esquerda, o atual momento de instabilidade no campo conservador representa uma oportunidade estratégica. Expandir o programa político de Lula para além das fronteiras tradicionais da esquerda e construir alianças com setores que valorizam a democracia, mesmo com divergências pontuais em relação ao PT e à esquerda, pode ser decisivo. Além disso, o fortalecimento das nominatas ao Senado e à Câmara torna-se fundamental para conter projetos conservadores que busquem revisões constitucionais ou o impeachment de ministros do STF.

A democracia deve ser o eixo central dessa composição. Um programa amplo que congregue diferentes setores da sociedade pode garantir não apenas a vitória eleitoral, mas também uma maior representatividade no parlamento.

É fundamental dialogar com amplos setores da sociedade e apresentar um projeto que reflita a pluralidade da sociedade contemporânea. Limitar-se a um programa restrito, focado exclusivamente em pautas da esquerda, pode isolar nossa candidatura, dificultando uma vitória em âmbito nacional. Além disso, tal abordagem pode gerar obstáculos significativos nas articulações políticas necessárias para as composições nos governos estaduais.

O cenário político nacional demanda atenção e articulação imediatas. É essencial aproveitar as disputas internas no campo conservador para fortalecer a base democrática, elaborando um programa político que una as diversas forças comprometidas com a defesa da democracia e a garantia de direitos. Esses passos são cruciais para assegurar tanto a vitória política quanto eleitoral em 2026.

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