Lula anuncia maior percentual de etanol na gasolina, critica Trump e defende Haddad

Presidente diz que mandatário dos EUA deveria ser “menos internet e mais chefe de Estado” e destaca “seriedade com que o Haddad trata economia”

Foto: Ricardo Stuckert / PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou, nesta quarta-feira (25), o aumento de 27% para 30% da mistura obrigatória de etanol na gasolina (conhecido como E30) e de 14% para 15% a de biodiesel no diesel (B15). Na ocasião, ele falou sobre a política de biocombustíveis, criticou o presidente Donald Trump e defendeu o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. 

“A política de biocombustíveis é, para nós, um modelo que ninguém vai conseguir competir com o Brasil. O Brasil me deu uma chance. Eu queria que vocês compreendessem que estamos tentando fazer o possível para esse país mudar de patamar”, destacou Lula. 

A medida entra em vigor a partir de 1º de agosto e permite que o Brasil avance na autossuficiência e na redução do preço dos combustíveis, além de contribuir para a diminuição dos impactos ambientais. A nova medida foi comunicada após aprovação do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), durante reunião do Ministério de Minas e Energia, em Brasília.

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Lula também ponderou que os novos percentuais mandam uma mensagem importante ao mundo, do ponto de vista ambiental, diante da realização da COP30, que acontece em Belém (PA), em novembro. “Na transição energética, vocês são parceiros fundamentais para a gente entrar nessa COP de cabeça erguida”, declarou Lula, dirigindo-se aos empresários do setor.

Com a adoção da mistura E30, segundo o governo, o Brasil voltará a ser autossuficiente em gasolina após 15 anos. Além disso, a estimativa é de que a redução do preço possa chegar a 20 centavos para o consumidor final. 

Outro ponto positivo é que a implementação de ambos (E30 e B15) reduz a dependência brasileira em combustíveis fósseis, diminuindo a necessidade de importações e ampliando o uso de combustíveis renováveis no Brasil, de maneira a fortalecer a produção nacional. 

Trump e Haddad

Durante o anúncio, Lula falou sobre outros assuntos, dentre os quais a política econômica e tarifária do presidente dos EUA, Donald Trump. Lula disse que o republicano deveria ser “menos internet e mais chefe de Estado”. 

Lula declarou ainda que “nesse mundo conturbado, em que você tem um presidente de uma nação do tamanho dos EUA, que deveria primar pelo discurso e pensar no que vai falar, deveria ser menos internet e mais chefe de Estado, pensar mais em livre comércio, no multilateralismo e deveria pensar muito mais na paz”. 

Sem citar nomes, criticou Jair Bolsonaro, afirmando que o Brasil já teve um presidente de perfil semelhante, a quem menos “interessava a verdade e as necessidades do país”. 

O presidente também defendeu o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, horas antes de a Câmara analisar o decreto que aumenta o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). “Vocês sabem a seriedade com que o Haddad trata economia. Nós estamos há quase três anos tentando consertar a economia. Primeiro foi a PEC da Transição e depois a reforma tributária, uma coisa feita a 513 mãos na Câmara e a 81 no Senado. Não era o que nenhum de vocês queria, nem o que eu queria. Foi o possível”. 

Lula também afirmou não precisar de “nenhum técnico do FMI (Fundo Monetário Internacional)” para lhe dizer o que é responsabilidade fiscal e alfinetou o mercado e empresários que criticam a atual condução da economia: “Agora mesmo, todo mundo fala de déficit fiscal, mas quem é que se preocupava com déficit fiscal no governo passado? Quem foi o empresário que foi na imprensa reclamar que o [Paulo] Guedes estava desrespeitando o déficit fiscal?”.