China intensifica ofensiva anticorrupção em regiões-chave de terras raras

Pequim mira elite política e econômica local para garantir controle sobre recursos estratégicos e conter contrabando em meio à rivalidade com os EUA

Bayan Obo, na Mongólia Interior (norte da China), abriga um dos maiores depósitos de terras raras do planeta | Foto: Getty Images

O governo chinês está conduzindo uma ofensiva anticorrupção audaciosa nas províncias produtoras de terras raras e outros minerais estratégicos, com o objetivo de consolidar o controle sobre recursos essenciais e fortalecer sua posição frente aos Estados Unidos.

A Comissão Central de Inspeção Disciplinar (CCID), braço anticorrupção do Partido Comunista Chinês, vem investigando figuras de alto escalão em regiões como Jiangxi e Guangxi — áreas cruciais na produção de elementos como disprósio, antimônio e tungstênio. Até agora, mais de 50 executivos já foram punidos.

Entre os alvos está Hu Youtao, ex-vice-governador de Jiangxi, agora investigado por “graves violações de disciplina”, e suspeito de envolvimento com o também investigado Yang Renping, ex-dirigente da indústria na mesma província. Jiangxi abriga grandes reservas de terras raras pesadas, fundamentais para tecnologias avançadas.

Em Guangxi, as investigações atingiram Lan Tianli, ex-presidente da região, e Peng Xiaochun, ex-vice-presidente do comitê consultivo local. Ambos são acusados de corrupção em áreas ligadas à mineração. A região, além de produtora de terras raras, possui vastas reservas de tungstênio e antimônio — todos considerados recursos estratégicos pela China.

Além das ações disciplinares, o governo quer acabar com o contrabando desses minerais, que muitas vezes são vendidos ilegalmente para fora do país. As autoridades acreditam que esse comércio ilegal tem ligação com empresas e organizações fora da China.

Essas ações também têm pano de fundo geopolítico: ao garantir o domínio sobre o fornecimento de minerais essenciais, a China responde à crescente tensão comercial com os EUA, que dependem desses materiais para produzir itens de alta tecnologia.

Isso mostra que além de combater a corrupção, a China reforça seu poder em um setor essencial para o futuro da economia e da tecnologia global.

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com informações do Valor Econômico

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