Aprovação de Lula melhora, enquanto a de Motta e Alcolumbre despenca
Avaliação positiva do presidente vai a 47%, e 15 das 19 ações do governo são consideradas acertadas. Presidentes da Câmara e do Senado são malvistos por 75%
Publicado 08/07/2025 17:16 | Editado 08/07/2025 19:07

A aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve uma leve melhora em relação a maio, atingindo 47,3% no final de junho, segundo pesquisa AtlasIntel/Bloomberg divulgada nesta terça-feira (8). Levantamento do mesmo instituto, feito naquele mês, indicava um percentual de 45,4%.
No caso da desaprovação, o índice, que era de 53,7%, passou a 51,8%. Os que não souberam responder somam 0,9% (antes, eram 0,7%).
Quanto à avaliação do governo, 51,2% classificam como ruim/péssimo, percentual que em maio era de 52,1%. Já os que consideram a gestão Lula ótima/boa somam 41,6%, ante 41,9% da pesquisa anterior.
Feita entre 27 e 30 de junho, a pesquisa abarca o período pós-derrubada, no Congresso, de decretos do governo federal sobre o aumento da alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Da mesma forma, abrange o início da reação popular, via redes sociais, às manobras de parte dos parlamentares para proteger os mais ricos em detrimento dos mais pobres, em votações do governo que buscam justiça tributária — como ocorreu com o caso do IOF.
Assim, mesmo que as oscilações tenham ficado dentro da margem de erro, que é de dois pontos percentuais, a pesquisa já pode refletir uma mudança de percepção resultante desse debate. Ao todo, o levantamento ouviu 2.621 pessoas e tem nível de confiança em 95%.
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O embate encampado pelo Congresso contra o governo, relativo à justiça tributária, pode também ser um dos principais fatores a explicar a imagem majoritariamente negativa dos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).
De acordo com a pesquisa, o deputado tem 74% de avaliação negativa e apenas 4% de positiva, índice semelhante ao do senador, que soma 75% de negativa e 3% de positiva. Em ambos os casos, 22% não souberam responder.
Políticas do governo Lula
Quando perguntados se qualificam como erros ou acertos determinadas ações do governo Lula, boa parte responde positivamente à maioria das políticas apresentadas na pesquisa — ao todo, 15 são vistas majoritariamente como acertadas e apenas quatro como erradas de um total de 19.
Esse resultado talvez indique que boa parte da percepção sobre o presidente e seu governo (mostrada nos dados acima) pode ter muito mais relação com a divisão política e a forma como a oposição usa a desinformação em escala industrial para atacar o governo, do que com o governo em si.
A gratuidade para todos os medicamentos e itens do Farmácia Popular é a primeira da lista das mais bem avaliadas, tida como acertada por 85% das pessoas (apenas 8% a consideram um erro e 7% não souberam responder).
Em seguida, vem a proposta que é o carro-chefe da luta por justiça tributária neste momento: a isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil, com 77% indicando que é acertada e apenas 15% dizendo o contrário (8% disseram não saber).
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A terceira com maior índice de aprovação é a retirada dos garimpeiros de reservas indígenas (73% de acerto contra 15% de erro), seguida da retomada do Minha Casa, Minha Vida (72% a 17%) e do Desenrola (72% a 17%).
Já entre as que são consideradas erros estão o imposto sobre compras de até R$ 300 em sites do exterior, qualificado como errada por 58% e como certa por 35%; a cota de emprego para detentos em regime semiaberto e ex-detentos em licitações públicas (45% a 39%) e o aumento do IOF (52% a 44%).
Confiança nas instituições
Outro dado da pesquisa que indica o tom do humor político dos brasileiros neste momento é a medição do nível de confiança nas instituições. O Congresso soma 63% de “nenhuma confiança” e 27% de “pouca”, com 5% de “alguma” e apenas 3% de “muita”. Os partidos somam 60% de nenhuma e 30% de pouca, com 7% de alguma e 2% de muita. Esses dados refletem um tipo de percepção que deve ser examinada com cautela porque, embora possa refletir embates atuais justos e uma evocação de experiências negativas, embute também o perigo da antipolítica, terreno fértil para aventuras autoritárias.
Ainda de acordo com a pesquisa, as Forças Armadas também enfrentam dificuldades: 47% dos entrevistados dizem não ter nenhuma confiança; 25% responderam ter “pouca”; 19% “alguma” e somente 8% disseram ter muita confiança.
Na ponta oposta, o governo federal tem o melhor índice, com 38% de “muita confiança” e 39% de “nenhuma confiança”, seguido pelo TSE, com 39% de nenhuma e 36% de muita. O Judiciário, de forma geral, não desperta nenhuma confiança para 42%, alguma confiança para 23% e muita confiança para 22%.