A cor do poder

Há quem diga que só tem poder político quem possui poder econômico e vice-versa. O poder econômico no Brasil, historicamente, sempre andou de mãos dadas com o poder político.

Dos tempos do Império a atualidade, grande parte das fortunas que se produziu tiveram como base de apoio o financiamento do estado brasileiro.

Neste sistema concentrado de renda e de poder em que os mandantes geralmente se revezam entre si, os negros são os mais penalizados, uma vez que sua única herança foi à exclusão em quase quatro séculos de escravidão, e pouco mais de cem anos livres.

Uma das provas desse alijamento histórico esta na Constituição Brasileira de 1891, outorgada três anos após o fim oficial da escravidão, em seu artigo 70 que descreve: “Não podem se alistar como eleitores para as eleições estaduais e federais os mendigos e analfabetos”, (quase 100% de negros ex-escravos).”

Durante o século 20 criaram-se outras formas sutis de exclusão em representações de poder, os negros só conheceram seu primeiro ministro em 1994, o Rei Pelé, Ministro dos Esportes, décadas antes, em 1974, a comunidade nipônica, com pouco mais de 60 anos de Brasil e menos de 1% da população tinha seu representante no poderosíssimo Ministério das Minas e Energias do governo Geisel Shigueaki Ueki.

Outras comunidades não representativas do ponto de vista numérico, caso dos judeus, árabes, italianos sempre tiveram representantes, seja nas esferas do executivo ou mesmo do legislativo.

O município de São Paulo, onde se concentra a maior população negra do país (mais de 3 milhões de pessoas), proporcionalmente poderia eleger quase a metade dos 55 cargos de vereadores negros.

Porém a representação naquela casa hoje não chega a 5%. Dos 94 deputados estaduais, somente três são negros; dos 70 deputados federais por São Paulo, apenas três são negros; dos 81 senadores não mais que dois são negros e nenhum por São Paulo.
Esperamos que as eleições que se aproxima democratize e escureça um pouco mais esses espaços de poder do nosso país.

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