A crise

Tive o ensejo, recentemente, de participar do seminário promovido pela Universidade Federal de Alagoas, sobre as eleições de 2006 e o futuro do Brasil e Alagoas. Como vêem um tema complexo e de difícil prognóstico.

Um debate rico em idéias, na pluralidade das análises, no espectro ideológico, na presença ativa de estudantes e professores que praticamente lotaram o auditório da Reitoria da Universidade Federal de Alagoas (UFAL).


Como ninguém possui bola de cristal, evidente que o seminário não apontou os vencedores das futuras eleições, tanto à presidência da República como ao governo do Estado de Alagoas. Não era exatamente o objetivo proposto.
     
Extraíram-se, no entanto, importantes observações sobre o contexto histórico em que os confrontos eleitorais vão acontecer. Não há como negar o fato de que vivemos sérios conflitos oriundos de uma crise com caráter histórico no Brasil.


Acompanhando o noticiário da grande mídia, verificamos a dimensão da aridez de idéias na arena política, do jogo bruto, o elevado nível de sórdidas agressões, rebaixando o patamar do combate político. São escassas as propostas de rumos para a sociedade brasileira.
 
Há uma manifesta crise das instituições que compõem o Estado nacional, uma tendência ao esgotamento de um período republicano.


A brutal concentração da renda acarreta a desagregação do tecido social, favorecendo o aumento desenfreado da criminalidade, provocando uma onda sem precedentes de terror e pânico, principalmente nos grandes centros urbanos, como aconteceu recentemente em São Paulo.
 
Proliferam os escândalos no Congresso e outras estruturas do aparelho de Estado. Impõem-se a restauração do exercício do espírito crítico, o respeito à verdade em relação aos fatos.


Porque há um desnorteamento do pacto nacional, do equilíbrio necessário que sustenta a sociedade em sua governabilidade, favorecendo, em médio prazo, a possibilidade do surgimento de incursões aventureiras e autoritárias.
 
Vão se esboçando, mesmo timidamente, atitudes de cunho golpista, sob o falso pretexto da moralidade. As próximas eleições serão fundamentais para que se apresentem os rumos ao desenvolvimento econômico, justiça social, democracia e reordenamento das instituições republicanas.

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