Esquerda contra Lupion por quebra de decoro

Deputados de 5 partidos ajuizam pedido de quebra de decoro parlamentar de Abelardo Lupion (PFL-PR).

O deputado federal Aberlado Lupion (PFL) disse ontem que tem motivação ideológica e representação ajuizada contra ele pelo líder do PSOL, deputado João Alfredo, e mais seis deputados de outros partidos (PT, PC do B, PV e PDT) na Corregedoria da Câmara dos Deputados, acusando-o de quebra de decoro parlamentar.

A representação se baseia em uma matéria publicada no jornal Correio Braziliense de 8 de maio de 2006, que aponta o deputado como beneficiário das empresas Monsanto e Nortox, que o teriam compensado pela defesa dos interesses do setor de agronegócios em sua atuação parlamentar.

De acordo com o deputado paranaense, sua defesa do setor produtivo incomoda os parlamentares ligados ao MST, como os que assinaram a representação. "Eu defendo um segmento, que é o produtor rural. Eles defendem quem invade o produtor rural", afirmou Lupion. Ele informou que está processando o autor da reportagem e que a operação de compra da fazenda já foi investigada no ano passado pela corregedoria, que não encontrou qualquer irregularidade na operação.

Na reportagem, ele é acusado de ter recebido contribuição para a campanha da Nortox e uma fazenda da Monsanto, em Santo Antonio da Platina, no norte do Paraná, que teria sido vendida ao pefelista por um valor abaixo do mercado. De acordo com o Correio Braziliense, documentos registrados em cartórios indicam que a Santa Rita custou R$ 690 mil, quando o valor real poderia variar R$ 2,3 milhões e R$ 2,9 milhões. Segundo o deputado, a fazenda foi comprada por um preço 40% maior que o de mercado por causa das benfeitorias na propriedade. Ele disse que já encaminhou anteriormente à corregedoria toda a documentação completa sobre a aquisição da fazenda, realizada em tomada pública de preços.

Conforme o jornal de Brasília, as duas empresas teriam sido a inspiração de Lupion para a apresentação de um projeto na Câmara dos Deputados propondo a liberação da comercialização do agrotóxico glicosato para uso na soja transgênica. A Monsanto e a Nortox fabricam o princípio do agrotóxico. Lupion afirmou que o produto é necessário para o uso de uma técnica agrícola pioneira no Estado – o plantio direto na palha – e que havia sido proibido pelo governo do Paraná. Lupion disse que apresentou a proposta de liberação, assinada também por outros vinte deputados, para possibilitar a prática da técnica na agricultura do Estado. "A Monsanto é uma das duas empresas do mundo que tem a patente do produto. E essa técnica é a ecologicamente mais correta", disse Lupion.

Na representação, os deputados informam que Lupion é o atual Presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, cargo que consideram diretamente relacionado com uma das denúncias. Os autores da representação citam ainda que Lupion foi o autor do relatório paralelo, aprovado na CPI da Terra, que recomenda a aprovação de dois projetos de lei classificando as ocupações de terra como crime hediondo e ato terrorista.

O deputado paranaense afirma que o deputado João Alfredo era o relator da CPI da Terra e que não o perdoa por seu relatório ter sido rejeitado. O relatório aprovado foi o texto apresentado por Lupion em separado. "Ele me odeia", disse. Sobre a doação da Nortox à sua campanha – segundo o jornal foi de R$ 50 mil -, Lupion comentou que as empresas da área costumam contribuir com os parlamentares que defendem o setor agrícola. "A Nortox me ajudou sim na campanha. Eles ajudam quem trabalha pelo setor produtivo. Não é o povo do MST que vai me ajudar", declarou.

Fonte: Elizabete Castro – Paraná-Online