A direita torce contra o Brasil

 Terminei minha última coluna sobre a resistência do governo em conceder um aumento maior ao salário mínimo, sugerindo que quando o “inimigo nos elogia nós devemos procurar rever a nossa prática”, o que, por decorrência, deve nos animar a prosseguir num determinado rumo quando ele é atacado por essa entourage.

A posição intransigente do governo, especialmente dos “guarda-livros” que ainda infestam o executivo federal, foi amplamente defendida por diversos setores conservadores. Mesmo reconhecendo que o fato da direita elogiar uma ação do governo não significa automaticamente que ela está errada, a possibilidade dessa ação não corresponder aos interesses populares é de quase 100%, como o episodio da votação do reajuste do salário mínimo demonstrou.

Agora, como que a demonstrar empiricamente a assertiva dessa afirmação, a direita faz uma verdadeira cruzada contra o extraordinário desempenho do Produto Interno Bruto (PIB).

Seria razoável imaginar que todos, independentemente de credo, cor e etnia, estivessem comemorando um crescimento de 7,5% do PIB em 2010, fato que não ocorria há décadas. Tal desempenho situou o Brasil entre os 3 melhores crescimentos percentuais dos países – atrás apenas da China e da Índia – e dentre as 7 maiores economia do planeta.

O que deveria ser motivo de comemoração de todos é divulgado e comentado pela direita como se estivesse se referindo a uma tragédia, semelhante às piores catástrofes como a que varreu o Haiti e agora assola os nossos irmãos japoneses.

Um grande crescimento econômico não é apenas simbólico. Representa, dentre outros fatos, a redução da pobreza, elevação do padrão de renda, bem estar do conjunto da população e aumento da importância do país no cenário mundial.

Não é isso que a direita “ver”. Ela ver tragédia a vista, aumento da inflação, descontrole financeiro e outras sandices que costumam repetir acriticamente. E, obviamente, apresenta como “saída” a sua pauta reacionária de sempre: corte nos salários (daí o apoio a política ortodoxa do salário mínimo), contenção de investimentos públicos, redução de despesas de custeio (pessoal, saúde, educação, etc.), sem perceber que o mantra neoliberal que eles tanto incensaram está inteiramente desmoralizado.

No fundo torcem contra o Brasil, contra os brasileiros. Acreditam que um bom desempenho econômico e social representa méritos para um governo que eles não gostariam de ter – mesmo sendo tão generoso com eles – e, portanto, maior dificuldade para que seus prepostos possam voltar ao poder político central.

É isso, em última análise, que está em jogo. A tática da direita é tão cristalina quanto as águas do rio negro, apesar de serem escuras. Estimula o governo a ser duro, intransigente com os trabalhadores, o que fatalmente lhe retirará base de apoio. Por outro lado procura criar pânico econômico para que também a economia fracasse.

Nesse cenário, que combinaria falta de apoio popular e insatisfação geral por conta da retração econômica, o discurso da direita (cada vez mais isolada) poderia encontrar algum eco. Para eles pouco importa se o país vai sofrer, desde que consigam retornar ao governo central.

Como se pode ver não há dúvidas, não pode haver, de quem está com quem.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor