A falta que a ferrovia faz

O semiárido nordestino, mais o Norte de Minas Gerais e o Espírito Santo, enfrentam mais um período de braba estiagem, a pior nos últimos 50 anos. Além da perda quase total da agricultura, o rebanho bovino foi dizimado em mais de 30%, e o restante não tem condições de manter a produção de leite do período normal. Um prejuízo incalculável.

Uma série de fatores contribui para agravar essa situação de calamidade. A primeira é não se ter uma política permanente de convivência com a seca, já que esta é uma realidade que se repete pelo menos três vezes em uma década. Um Órgão por excelência, com a experiência centenária do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs), não era nunca para se encontrar na situação atual, completamente sucateado. O que existe de água armazenada nos reservatórios nordestinos, atualmente, se deve ao Dnocs. Há anos que não há concurso público para o preenchimento de vagas ocasionadas por falecimentos ou aposentadorias, o que é injustificável. Neste caso a bancada federal do Nordeste deve explicações.

Todos os estudos científicos apontam para mais um ano de estiagem, desta vez com chuvas bem abaixo da média. Tem chovido esporadicamente em algumas regiões, mas não o suficiente para recuperar o que foi plantado e perdido. No entanto, o prejuízo com o rebanho, principalmente bovino, poderia ter sido evitado. Para tanto bastaria a garantia de abastecimento principalmente do milho. Este ano o Brasil bateu recorde na produção desse grão.

Nesta terça-feira 2, em Fortaleza, durante a reunião do Conselho Deliberativo da Sudene, a presidenta Dilma Rousseff anunciou algumas medidas que irão minorar o dramático quadro por que passa a região, entre elas o prorrogação do Garantia Safra e do Bolsa Estiagem; anunciou também a garantia de 340 mil toneladas de milho para os meses de abril e maio.

Além de ser insuficiente, o grande problema com o milho é o seu transporte. O governador Cid Gomes até ofereceu subsídios do Estado, contudo o preço cobrado pelas transportadoras torna inviável o transporte por rodovia. Enquanto isso, o gado continua morrendo de fome e de sede.
Mais que nunca o governo federal deve priorizar o transporte ferroviário, tanto de passageiros como para escoar a produção a baixo custo. O momento não é de lamentar o descaso dos governos miliares nos 21 anos e nos dez anos de governos (ou desgovernos) neoliberais com a ferrovia para atender à indústria automobilística, mas sim investir maciçamente em ferrovias para ligar todo esse País continental com transporte ferroviário, a exemplo de toda a Europa.
Que falta a ferrovia faz!

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