A importância do ''Planejamento Estratégico  Situacional''

No ano passado, minha filha Renata – juntamente com outros dirigentes do PCdoB – visitou a China. Quando voltou, perguntei a ela quais os aspectos da política chinesa que mais lhe chamaram a atenção. Prontamente, ela destacou alguns aspectos, incluindo o

Disse que os dirigentes políticos chineses têm visão estratégica de que é fundamental – mesmo com o país se abrindo à economia capitalista – a manutenção da construção do socialismo, e, como decorrência, define metas muito claras para serem atingidas daqui a um, dois, dez, vinte, cinquenta anos.


 



Muitos sindicalistas admiram essa capacidade que os chineses e outros povos de países socialistas têm, de planejar a curto, médio e longo prazo. Mas poucos são os que conseguem imprimir nas entidades que dirigem um planejamento com objetivos estratégicos definidos nas mais variadas conjunturas. Em geral, a maioria das diretorias das entidades sindicais procura dar respostas imediatas às demandas das categorias, sem  ter um plano estratégico com objetivos e metas claras a serem atingidas. Ao não definirem os projetos prioritários, acabam frequentemente dando maior ênfase a aspectos secundários em detrimento das questões essenciais.


 


 


No caso dos sindicalistas classistas que precisam atuar considerando a luta econômica por melhores salários e condições de trabalho, a luta política pela transformação profunda do poder e a luta ideológica enfrentando os valores das classes dominantes, fica extremamente difícil ter êxito sem estabelecer um planejamento adequado, no qual as questões prioritárias se tornem evidentes dentro das necessidades e possibilidades de cada momento conjuntural. Dificilmente encontraremos um dirigente sindical afirmar que planejar não é necessário. A importância teórica do planejamento vai cada vez mais se tornando lugar-comum entre aqueles que dirigem instituições dos mais variados tipos.


 


 


O Centro de Estudos Sindicais-CES e a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil-CTB, ao firmarem convênio para a realização de atividades de formação dos sindicalistas, incluíram o Curso de Formação de Facilitadores do Planejamento e Estratégico Situacional – PES. 


 


 


Realizado no final de abril de 2009, o referido curso contou com a participação de sindicalistas de cinco Estados. Tendo à frente as professoras Viviana Lima e  Liliana Lima o curso contou com uma parte teórica que se referiu às bases fundamentais do PES e uma parte prática com simulação de um planejamento de em uma  entidade sindical. As aulas referentes ao PES foram precedidas por um debate conduzido pelo assessor de comunicação da CTB, Umberto Martins, tendo como tema ''A Crise na Conjuntura Atual''. O curso destinou-se a dirigentes e assessores sindicais que, ao receber os ensinamentos necessários, se dispuseram a colaborar na aplicação do PES nas entidades sindicais, nos seus Estados de origem e, em outros, havendo necessidade. É fundamental a necessidade da formação de dirigentes e assessores sindicais capacitados na aplicação do PES.


 


 


Para Carlos Matus, chileno e ex-ministro de economia do Governo Allende – elaborador da proposta metodológica do Planejamento Estratégico Situacional – o planejamento ''é o cálculo situacional sistemático que relaciona o presente com o futuro e o conhecimento com a ação. A reflexão imediatista tecnocrática e parcial não é planejamento, e tampouco é planejamento a reflexão que se isola da ação e torna-se uma mera pesquisa para o futuro''.


 


 


Sabemos que há outras formas de planejamento, inclusive a mais usual e tradicional. No artigo publicado na Revista Debate Sindical nº 53 (dezembro de 2006), Viviana Lima e Liliana Lima afirmam que ''diferentemente do planejamento tradicional que se concentra em setores, o PES tem seu centro de atenção nos problemas. Processá-lo implica num esforço para que sua explicação seja totalizante, abordando-o política, econômica, ideológica e culturalmente, construindo a rede causal dos problemas elencados''.


 


 


Na condição de Coordenador-Técnico do CES, tenho participado de Seminários de PES de entidades sindicais. Uma das características que mais me impressiona positivamente é o fato de que todos que irão executar, necessariamente participam da elaboração do planejamento. Não se trata de uma metodologia em que um ou dois elaboram e os outros seguem. Ela é participativa, o que evidentemente contribui para todos se envolverem na execução dos projetos elaborados. E, no meu entendimento, é essa a forma que pretendemos que se expanda na construção de uma sociedade justa e democrática, na qual todos os seres humanos deverão desenvolver sua criatividade e sua capacidade crítica.


 


 


Os seres humanos para se realizarem  necessitam  ser sujeitos ativos, participando das diversas atividades, ajudando a planejá-las adequadamente e realizando-as plenamente. Não é gratuitamente que quando nos referimos às sociedades socialistas nos referimos a sociedades planejadas com o Estado estabelecendo objetivos e metas claras a serem atingidas a curto, médio e longo prazo. Certamente o governo cubano não teria conseguido enfrentar a poderosa elite estadunidense, durante os últimos 50 anos, se não houvesse um planejamento sério e consequente, com a participação da grande maioria do povo.

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