A revolução de outubro e seus impactos no século 20

Possivelmente esta semana a revista Veja chegue às bancas com uma matéria especial dedicada aos 90 anos da revolução russa – como fez quando da comemoração dos 40 anos da morte de Che. Não nos é difícil prever qual será o seu conteúdo: a revolução russa s

Legenda das imagens:


 


 


1ª – Pogrom contra os judeus na Rússia tzarista. Cenas que se repetiram nas regiões ocupadas pelos exércitos brancos.


 


 


2ª – Negro norte-americano é linchado em 1919 em Omaha – Nebraska. Cenas como essas viravam cartões postais.


 


 


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A revista procurará demonstrar que todas as conquistas econômicas, políticas e sociais do século passado já estavam em vias de serem conseguidas, só que de maneira mais agradável e menos conflituosa. A revolução russa teria posto um fim ao desenvolvimento natural e pacífico do liberalismo – entendido, fundamentalmente, como economia de mercado – e imposto um desvio de rota que atrasou o caminho da humanidade durante décadas. Até aí tudo bem. Nada mais se poderia esperar de uma publicação de caráter liberal-conservador, beirando o fascismo.


 



O problema é que, sob o impacto da derrota das primeiras experiências socialistas, muitos ex-comunistas também passaram a fazer concessões em relação a essas idéias conservadoras. Uma situação que não é completamente nova na história recente da humanidade.


 



Façamos uma breve comparação entre a Revolução Francesa de 1789 e a Revolução Russa de outubro de 1917. Quando as tropas de Napoleão foram derrotadas pela Santa Aliança em 1815, poucos eram os que ainda defendiam a experiência revolucionária francesa. Mesmo aqueles que, no passado, se disseram fãs da firmeza e da pureza jacobina, mostravam-se bastante desiludidos e apressados em renegar (em bloco) todo o legado daquela esplendorosa revolução, considerando-a um grande equívoco ou um atalho histórico perigoso.


 



A mesma coisa aconteceu com a memória da Comuna de Paris de 1871. Após sua derrota, afogada em sangue, ela foi vilipendiada e apresentada como a barbárie irrompendo no seio da sociedade européia civilizada. Os bárbaros já não estavam mais nas portas do Império, mas no seu próprio interior. Lastimava-se a cerca de uma centena de reféns, tendo à frente o arcebispo de Paris, executada “friamente” pelos revoltosos encurralados. No entanto, se esquecia – ou fingia se esquecer – das 30 mil vítimas fatais do terror branco que se seguiu à derrota. Esquecia-se também das quase 100 mil pessoas aprisionadas, torturadas e deportadas para regiões insalubres das colônias francesas. Mesmo as inteligências mais críticas da época – como Victor Hugo e Emile Zola – ficaram na defensiva e condenaram os comunardos.


 



Coube a dois intelectuais socialistas alemães, Marx e Engels, defender a memória da comuna parisiense. Eles mostraram de qual lado estava a barbárie: quem havia iniciado o frio assassinato de reféns, os bombardeios e incêndios que arrasaram Paris; quem haviam sido os verdadeiros traidores da nação francesa diante da Alemanha dos junkers. Marx foi o autor dos manifestos e relatórios da Associação Internacional dos Trabalhadores sobre a Comuna de Paris, que mais tarde comporiam o livro Guerra Civil na França. Obra de leitura obrigatória para qualquer socialista.


 



Este mesmo ambiente de desilusão pode ser constatado no final do século 20. Muitos intelectuais, ligados à tradição socialista e comunista, se apressaram em renegar o passado e incorporar-se na corrente liberal que avançava imponente. Alguns desses neófitos procuravam ser mais realistas que o próprio rei. Tinham pressa de exorcizar seu passado. Passaram a repetir o velho refrão liberal que o “socialismo real” teria sido apenas um rosário de erros ou mesmo de crimes nefandos. Como se antes da revolução russa tudo tivesse sido flores.


 



A autocrítica, sempre necessária a um intelectual socialista sério, se transformou em auto-flagelo militante. Como disse Domenico Losurdo, “se autocrítica é o pressuposto da reconstrução da identidade comunista, a auto-fobia é sinônimo de capitulação e de renúncia de uma identidade autônoma”. Ao perder a capacidade crítica perde-se a soberania ideológica em relação aos adversários mais fortes. Continua ele: “a classe dominante consolida seu domínio, privando as classes subalternas não apenas da perspectiva de futuro, mas também do seu próprio passado”. E conclui: “A memória histórica é, portanto, um dos terrenos fundamentais nos quais se desenvolve a luta ideológica de classe”.


 



Um socialista que capitula diante da ideologia liberal-conservadora reinante, perde autonomia intelectual de analisar o seu próprio passado e, principalmente, perde as condições de construir as pontes (os projetos) que o levarão para o futuro. Por isso um dos deveres dos socialistas da atualidade é desmontar os mitos construídos pelo liberalismo. Este artigo procurará dar uma pequena contribuição neste sentido.


 


 


O mundo antes da revolução russa


 


 


Como era o mundo liberal de antes da 1ª Guerra Mundial, que teria sido violentado pelas baionetas dos bolcheviques naquele trágico outubro de 1917?


 



Antes da revolução a grande maioria dos países da África e da Ásia ainda era dominada a ferro e fogo por potências ocidentais. Foi justamente o bolchevismo vitorioso que conclamou os povos coloniais e semi-coloniais a lutarem por sua independência. Passado algumas poucas dezenas de anos o colonialismo secular estava morto. Mas, não somente na Ásia e na África haviam povos subjugados. Grande parte da Europa era oprimida por impérios multinacionais, como a Rússia dos tzares – então chamada “cárcere dos povos”, os impérios austro-húngaro e otomano. Todos eles deixaram de existir sob o impacto da guerra e das revoluções operárias e populares.


 



Com a vitória dos bolcheviques, a situação dos povos coloniais passou a entrar na agenda das correntes socialistas européias – podemos dizer que ela foi o marco do surgimento do anti-imperialismo. Depois da morte de Lênin, em 1924, um importante dirigente bolchevique escreveu: “a questão nacional, antes de Lênin, se reduzia apenas a um grupo restrito de problemas que diziam respeito, no máximo, às nações ‘civilizadas’. Irlandeses, húngaros, poloneses, finlandeses, sérvios e algumas outras poucas nacionalidades da Europa: este era o grupo de povos (…) por cujo destino se interessava os heróis da II Internacional. Dezenas e centenas de milhões de seres humanos pertencentes aos povos da Ásia e da África, submetidos ao jugo nacional na sua forma mais brutal e mais feroz, não eram levados em consideração. Não eram colocados no mesmo plano brancos e negros, ‘civilizados’ e ‘não civilizados’ (…) O leninismo desmascarou esta disparidade escandalosa; rompeu a barreira que separava brancos e negros, europeus e asiáticos”.


 



Como encarava a direita e o centro social-democrata a questão colonial? Bernstein, pai do revisionismo social-democrata, chegou a afirmar: “A civilização superior tem sempre, em relação às inferiores, o maior direito pelo seu lado e, em certos casos até o direito histórico, ou melhor, o dever de submetê-las (…) Só se pode reconhecer um direito condicionado dos selvagens sobre os territórios por eles ocupados. A civilização superior tem aqui, em última análise, também o direito superior. Não é a conquista, mas o cultivo do solo que cria o título jurídico histórico de sua utilização”. A opinião de Bernestein não era isolada no seio da 2ª Internacional. Esta era uma expressão acabada da filosofia da história liberal – ou da ideologia burguesa do progresso.


 



A história da colonização da África na segunda metade do século 19 e início do século 20 foi uma história de massacres inomináveis. Um militar francês descreveu assim a tomada de Mali em 1898: ''Depois do cerco, o ataque (…) Todos foram aprisionados ou mortos. Todos os cativos, cerca de 4 mil, foram amontoados como um rebanho. (…) A partilha (dos prisioneiros) decorreu entre disputas e golpes (…) No regresso fizemos etapas de 40 quilômetros com estes cativos. As crianças e todos os que ficavam cansados eram mortos a coronhadas e golpes de baionetas''. Um ano depois, outra expedição militar francesa atacou uma aldeia africana e um oficial descreveu as cenas que se seguiram: ''Alguns atiradores (franceses) tinham ficado feridos. Para ‘dar exemplo’, o capitão Voulet mandou prender vinte mães com crianças pequenas em idade de amamentação, e mandou matá-las a golpes de lanças''.


 



Também podemos medir os efeitos “benéficos” da colonização da Europa ocidental e cristã sobre a África negra numa cifra apresentada por Hannah Arendt. Escreveu ela: “a Bélgica reduziu a população nativa (do Congo) de 20-40 milhões em 1890 para 8 milhões em 1911”. Por isso, não sem razão, alguns historiadores afirmam que o nazismo não foi nada mais nada menos que a aplicação, na Europa, de métodos de repressão e controle que já eram amplamente utilizados pelos colonizadores na África e Ásia.


 



Recentemente, já na década de 1990, um grande liberal – e defensor das “sociedades abertas” – Karl Popper, afirmou que a Europa tinha libertado as colônias muito rapidamente e isso havia sido como deixar um orfanato nas mãos das próprias crianças. Desde o fim da URSS, estas idéias preconceituosas vêm ganhando corpo no mundo ocidental. Para os liberais as atuais guerras e genocídios africanos são provas definitivas da incapacidade desses povos em se auto-governar. Apenas esquecem de dizer quais são os bárbaros que financiam estes conflitos regionais e os abastecem de poderoso material bélico. Os fuzis e canhões, como todos sabem, não nascem em árvores. 


 



É Losurdo, novamente, que nos lembra que as três grandes discriminações do século 19 – e início do século 20 – caíram sob o impacto causado pela revolução russa. Eram elas: a discriminação de propriedade (censitária), racial e de gênero. O primeiro grande país no qual as mulheres conquistaram o direito ao voto foi a Rússia revolucionária – o segundo, a Alemanha após a revolução operária de 1918. Só depois este direito se estendeu aos grandes países liberais como os EUA, Inglaterra e França. Neste último – e na Itália – as mulheres adquiriram o direito ao voto somente após a libertação comandada pelos comunistas em 1945.


 



A ideologia racista – amplamente dominante – sofreu um rude golpe com a revolução. No começo do século na muito liberal nação estadunidense os negros eram linchados por motivos mais banais. De 1901 até 1914 foram computados mais de mil casos de linchamentos públicos. Estes atos bárbaros eram, geralmente, transformados em cerimônias festivas. Era comum que os corpos carbonizados e enforcados das vítimas negras fossem fotografados e até se transformassem em cartões postais.


 



Os negros só começaram adquirir seus direitos civis e políticos nos estados sulinos na segunda metade da década de 1950, depois de muita luta. Mesmo neste caso, foi o fantasma do comunismo vitorioso que levou os legisladores norte-americanos a “apressarem” a legislação dos direitos civis. Podemos mesmo – adaptando livremente uma formulação de Dimitrov sobre o fascismo – dizer que no sul dos Estados Unidos existia, na época da revolução russa e mesmo depois, “uma ditadura terroristas dos grandes proprietários brancos contra o conjunto da população não-branca”, sendo esta sociedade uma prefiguração do que seria a Alemanha de Hitler.


 



Naqueles anos foi nos Estados Unidos, mais do que em qualquer outro país, que proliferaram os teóricos da eugenia e da supremacia branca. Estes, ao contrário do que se possa pensar, não eram autores marginais, sem expressão social. Eles desfrutavam de muito prestígio, inclusive junto aos presidentes da República. Até 1915 trinta estados norte-americanos aprovaram leis de esterilização forçada – que atingiam delinqüentes e deficientes mentais. Não precisamos falar qual era a cor da maioria destas vítimas.


 



Assim, Hitler não criou a eugenia, o racismo e nem mesmo o anti-semitismo. Embora tenha levado essas taras até suas últimas conseqüências. Ele beberia de fontes liberal-conservadoras ocidentais. Os nazistas, por exemplo, foram leitores atentos de O Judeu Internacional, escrito por ninguém menos que Henry Ford – maior símbolo do liberalismo e do industrialismo norte-americanos.


 



Segundo um jornalista do New York Times, em 1922, o candidato à Füher tinha uma foto de Ford colocada na parede e maços de O judeu internacional na mesa de entrada de seu escritório em Munique. No ano seguinte, numa entrevista concedida a outro jornal norte-americano, Hitler declarou: “Nós consideramos Henry Ford como o líder do movimento fascista crescente na América. Admiramos particularmente sua política anti-judaica, que é a mesma plataforma dos fascistas bávaros”. Por isso vários autores contemporâneos, não sem razão, chegam mesmo a falar nas origens norte-americanas do nazismo.


 



Mas, foi na Rússia tzarista do início do século 20 que se realizaram os maiores pogrons contra os judeus. Ali em 1905 foi editado em grande escala o livreto “Protocolos dos Sábios de Sião”, obra apócrifa escrita por agentes da polícia tzarista no final do século 19. Ele narrava a mirabolante conspiração judaica para dominar o mundo. Ford tratou de difundi-lo nos EUA e a gráfica real imprimiu-o aos milhares na Inglaterra. Mais um fato esquecido de nossa historiografia liberal e anti-totalitária. 


 



Quando começou a guerra civil na Rússia em 1918, as tropas brancas (contra-revolucionárias), com apoio britânico, divulgavam milhares de cópias de uma versão mais popular e mais sórdida deste opúsculo anti-semita. O ocidente liberal tentava provar que a revolução russa não passava de um complô judaico-comunista – avalizando e atualizando as teses dos “Protocolos”.


 



Nas regiões “libertadas” pelos “brancos” se sucederam grandes pogroms contra judeus e comunistas. Entre 1918 e 1920 ocorreram 2 mil deles que custaram a vida de cerca de 75 mil pessoas e o êxodo de mais de meio milhão. O discurso da conspiração judaico-comunista foi incorporado pelos dirigentes dos principais Estados liberais europeus. Churchill diria: “(os bolcheviques) Querem destruir toda fé religiosa que consola e inspira o ânimo humano. Crêem no soviete internacional dos judeus russos e polacos. Nós continuamos a crer no Império Britânico”. 


 


  
Lênin em 1919 em meio à guerra civil buscou denunciar a barbárie liberal-tzarista: “O ódio contra os judeus, se mantém firmemente apenas onde o jugo dos proprietários de terras e dos capitalistas afundou os operários nas trevas e na ignorância. Apenas pessoas completamente ignorantes, completamente embrutecidas, podem acreditar nas calúnias difundias contra os judeus. São resíduos da Idade Média.” Em 1941, diante de uma Moscou cercada pelos exércitos nazistas, Stalin afirmou: “Na sua essência, o regime de Hitler é uma cópia daquele regime reacionário que existiu na Rússia sob o czarismo. É notório que os hitleristas atropelam os direitos dos operários, os direitos dos intelectuais e os direitos do povo, assim como o regime czarista os atropelava: e ordenam progroms medievais contra os judeus, como o regime czarista os ordenava. O partido hitlerista é um partido dos inimigos das liberdades democráticas, partido da reação medieval e dos pogroms tenebrosos”.


 


 



Ao que parece nem Lênin nem Stalin se deram conta que o anti-semitismo não era um resquício feudal ou asiático, ele proliferava no centro do capitalismo mais avançado – incensado pela elite liberal e não apenas pela nobreza latifundiária decadente. Alguns anos depois, no holocausto promovido pelos nazistas, mais de 6 milhões de judeus seriam exterminados. No capitalismo os métodos e a escala do extermínio judeu (e comunista) deixavam se ser artesanais e passavam a ser industriais.


 


 



O historiador inglês Eric Hobsbawn, por sua vez, nos lembra que nem mesmo o Estado de Bem Estar Social, nascido da Europa ocidental, é possível ser pensado sem a existência do fantasma da revolução socialista, nascida com a revolução de 1917. Os próprios neoliberais não se cansaram de bater nesta mesma tecla: os direitos sociais e a intervenção do Estado na Economia – típica do modelo Keynesiano – era uma contaminação perigosa do comunismo nas democracias liberais européias, que precisava ser eliminada.


 



Na segunda metade do século 20, em meio a guerra fria, procurou-se construir um novo mito da ideologia liberal. Desta vez procurou-se amalgamar o conceito comunismo com o de totalitarismo. Já não pegava bem falar em conspiração judaico-comunista. Escreveu Hayek, um dos pais do neoliberalismo, “o oposto de democracia é governo autoritário: do liberalismo é totalitarismo. Nenhum dos dois sistemas exclui necessariamente o oposto do outro: a democracia pode exercer poderes totalitários, e um governo autoritário pode agir com base em princípios liberais”.  E continuou: “Devo confessar que prefiro governo não-democrático sob a lei a governo democrático ilimitado (…)”.


 



Estavam dadas as bases teóricas (ideológicas) para que a ditaduras sangrentas, como a de Pinochet, fossem tiradas da lista de regimes ditos totalitários. Elas foram definidas apenas como regimes autoritários. Mal menores diante da ameaça do totalitarismo comunista. Tudo o que não era liberal poderia ser encaixado na denominação de totalitário, inclusive os regimes democráticos sob direção de forças de esquerda. Não deixa de ser irônico que os liberais ainda sustentem que é a esquerda socialista que tem uma visão limitada e instrumental da democracia política.


 



Para concluir, podemos dizer que grande parte do que foi conquistado pelos trabalhadores e pelos povos do mundo no século 20 se deve a vitória da revolução de outubro de 1917. A derrocada do colonialismo, a ampliação da democracia e dos direitos sociais, o fim das discriminações mais odiosas que pesavam sobre os operários, mulheres e povos não-brancos só podem ser plenamente entendidos tendo-se como pano de fundo a grande obra iniciada pelo proletariado russo tendo a frente Lênin e o Partido bolchevique. 


 


Notas


Esse texto foi apresentado na Conferência de Abertura do Seminário 90 anos da Revolução Russa promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal de Pernambuco.


Leia também o artigo “Liberalismo, colonialismo e fascismo” clicando o link: http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=6611



Bibliografia


Black, Edwin – A guerra contra os fracos – eugenia e campanha norte-americana para criar uma raça superior, Ed. Girafa, SP. 2003
—————– – IBM e o holocausto, Ed. Campos, 2001
Losurdo, Domenico – Liberalismo. Entre civilização e barbárie, ed. Anita Garibaldi, SP., 2006
———————— – Fuga da história? A revolução russa e a revolução chinesa vistas de hoje, Ed. Revan, RJ, 2004.
———————— – As raízes norte-americanas do nazismo, In Resistir Info.
Hobsbawn, Eric – A era dos extremos: o breve século XX, Ed. Companhia das Letras, SP., 1995.
Perrault, Gilles (org) – O livro negro do capitalismo, Ed. Record, SP/RJ, 1999 
Löwy, Michael e Varikas, Eleni – “Nazismo: a conexão norte-americana”, In Le Monde – Julho de 2007

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