A Teocracia Legislativa de Eduardo Cunha et caverna

Mais impactante que a derrota futebolística do Brasil para a Colômbia na Copa América, o dia 17 de junho de 2015 ficará conhecido como o dia que o legislativo brasileiro fechou as portas para a juventude ao aprovar de maneira truculenta e sem o debate necessário a PEC 171, mais conhecido como Redução da Maioridade Penal.

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) de maneira autoritária, simplesmente atrasou em mais de 8 horas o início do expediente na casa legislativa até que seus soldados de chumbo tivessem aprovado na Comissão Especial (por 21 votos contra 6) a famigerada PEC.

Como se não bastasse os diversos ataques à democracia que temos observado nos últimos 3 meses, como uma proposta de reforma política fatiada e que não contempla os movimentos sociais ou ainda os recados para o governo federal derrubando propostas do executivo pelo simples capricho de mostrar quem manda, ou seja, ser oposição por oposição, vimos hoje o maior de todos os ataques aos jovens de nosso país.

Se até meados de fevereiro, os eleitores de Dilma e do campo popular esperavam pela formação de um governo mais voltado para a esquerda e em diálogo com as entidades estudantis e dos trabalhadores, agora (em junho) tudo que queremos é que não sejam perdidos muitos dos direitos conseguidos a duras penas, como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e a existência de um estado laico.

Diante dos ataques que o campo progressista está sofrendo, é fundamental a formação de uma frente ampla, suprapartidária, em defesa da manutenção de muitas das vitórias da Constituição de 1988. Estamos vendo a cada dia manobras e mais manobras contra o regimento da câmara (como no caso da votação das terceirizações), ferindo a isonomia que o poder legislativo deveria ter.
“Dudu Cunha” evangélico de carteirinha e financiado, entre outros pelas organizações Globo, representa hoje o que de mais escuso temos na sociedade: o ódio, o machismo, a xenofobia, a homofobia e o racismo. Ideias estas, que (ao menos em teoria) muitos acreditavam não estarem presentes mais na sociedade brasileira.

Como um verdadeiro déspota, o presidente da casa do povo simplesmente barra a entrada do povo nas comissões! Na casa deles próprios! Algo inacreditável em um país supostamente democrático! Para atingir estes objetivos “Dudu” é capaz de tudo, até mesmo usar da violência contra jovens e mulheres, como no recente episódio em que membros da UNE receberam socos e pontapés da segurança da câmara.

O mais assustador disso tudo, sem dúvida alguma é entender como esta aberração chegou lá: pelo voto. Ora mas então o próprio eleitor é culpado? Seria, se não tivéssemos algo que é o verdadeiro responsável pela eleição deste troglodita e de outros (como Marcos Feliciano e Jair Bolsonaro): O Financiamento Privado de Campanha.

Arrecadando milhões de reais, estes candidatos conseguem chegar ao eleitor desavisado em vantagem, se comparados aos candidatos da esquerda, especialmente os de partidos ideológicos. Com este modelo eleitoral, a chance de termos outros Cunhas na presidência da Câmara existe, e é real.

Uma frente ampla, suprapartidária em defesa da democracia, da juventude e dos trabalhadores precisa ser consolidada, ou damos resposta para a turma do Cunha com pressão popular ou veremos o ataque mais assombroso aos direitos civis desde a redemocratização.

Quem viveu uma ditadura, não quer ver o país viver outra. Já temos nosso inimigo declarado; agora é hora de ir para os fronts, pois apesar de termos perdido algumas batalhas, a guerra ainda não está perdida.

Avante!

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor