A teoria da dependência
O recém-lançado livro de Frances Stonor Saunders intitulado “Quem pagou a conta?”, um volumoso estudo sobre as atividades da Central de Inteligência Americana, a CIA, nas áreas da cultura, compreendendo as ciências sociais, é na verdade uma pesquisa sobre
Publicado 16/02/2008 19:30
Como conseqüência do lançamento do referido livro da pesquisadora britânica, ressurge a discussão sobre o papel estratégico do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, CEBRAP, nas revisões econômicas, sociais, históricas e política do país. E do seu principal mentor, o ex-presidente da República, senhor Fernando Henrique Cardoso.
Diz-se que o CEBRAP teria recebido doações da Fundação Ford, sendo a inicial no valor de 145 mil dólares. Que a referida fundação norte-americana era uma dos braços intelectuais da CIA para o pugilato ideológico, desde 1947 na Europa, depois se espalhando por todos os continentes.
Para além de uma hipotética conspiração, muitas vezes um reducionismo dos acontecimentos históricos, o correto será a observação da produção sociológica, econômica, das ciências políticas, em um determinado período da vida nacional.
A verdade é que Cardoso, antes de receber subsídios da Fundação Ford, para a sua entidade, já havia escrito o seu conhecido, e contestado livro, “Dependência e Desenvolvimento na América Latina”. Nele defende a premissa de que os países emergentes, como o Brasil, poderiam crescer economicamente, subordinando-se às nações desenvolvidas, como os EUA.
Ele obteve certos êxitos em seus objetivos. Sua tese pressupõe um julgamento de anulação do processo histórico antecedente, e por tal caminho, ao futuro da nação, negando as décadas que constituíram a busca por uma nação desenvolvida e independente. Ou seja, um projeto nacional soberano.
Dificultou o avanço, pós-arbítrio, dos comunistas, socialistas e trabalhistas, jogou papel na formação de uma nova polarização partidária no país, influenciando também, mesmo que indiretamente, lideranças sindicais e políticas,
As idéias de FHC, continuam obtendo certo prestígio, especialmente sobre as finanças institucionais. É atualmente, para as forças desenvolvimentistas, um adversário a ser combatido com seriedade.