Acordo salarial histórico

Espero que todos tenham ficado sabendo do histórico acordo salarial negociado pelo sindicato dos metalúrgicos da Grande Curitiba (filiado à Força Sindical) e a empresa automotiva Renault, aprovado na segunda-feira, 29 de agosto, em assembleia, pelos trabalhadores. É um acordo trianual, com vigência até 2013, que garante aumentos reais crescentes de 2,5%, 3,0% e 3,5%, além da inflação dos períodos respectivos e abonos e PLRs que somarão R$ 61.500 para cada um dos 5.700 trabalhadores. Modificam-se também, para melhor, faixas salariais e discutem-se medidas para diminuir e controlar a terceirização. Com justo orgulho o presidente do sindicato, Sergio Butka, considerou-o “o maior acordo salarial do país”.

O que alguns podem não ter lido, embora noticiado pelo jornal Valor Econômico na terça-feira, 30 de agosto (matéria assinada por Marli Lima e Marli Olmos) é que a empresa negocia com o estado do Paraná condições para investimentos de mais de R$ 1 bilhão para expansão da fábrica em São José dos Pinhais e ampliação da área de engenharia porque considera o Brasil um de seus mercados prioritários.

Três observações sobre o acordo

1- Os paradigmas para os aumentos reais (a partir de 2,5%) e para a ampliação da vigência do acordo foram criados com a vitoriosa greve de 37 dias (28 dias trabalháveis) dos metalúrgicos da Volkswagen do Paraná em maio deste ano, dirigida pelo sindicato.

2- A duração longa do acordo é uma forte contribuição dos trabalhadores e da empresa para a continuidade do desenvolvimento econômico, e a negociação demonstra confiança no crescimento com previsibilidade e fortalecimento do mercado interno; o anúncio dos investimentos novos reforça essa percepção. É a vacina contra a crise externa.

3- Se analisarmos cuidadosamente o acordo constataremos que há uma aposta em uma inflação decrescente no período de sua vigência, o que demonstra que os trabalhadores e a empresa não consideram ganhos salariais reais em situação de produtividade alta como inflacionários.

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