Ainda na Baía de São Vicente

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Ela resiste, apesar dos pesares. Agora real e ainda deslumbrante aos meus olhos que reluzem luz em água preta. Lisa e viscosa estica-se até o asfalto e se espreguiça com jeito antigo, nunca perene. Meus olhos ainda se perdem em ti como antes [quando esmeralda límpida] e se perderão no seu vir a ser, em marés com hora marcada e em correntezas que levam fantasmas de seus afogados. Lânguidos de calor e trêmulos feito a Bandeira do Brasil no alto do morro, meus olhos evaporam o verde hálito de suas escassas árvores ao amanhecer. A bandeira majestosa dá ordens aos navegantes de outrora que cruzaram os mangues e aos poetas que se entregam a todo encanto [e ao seu] mesmo rude. Ignoro os gritos das suas calçadas calejadas. Diante de ti perco e recupero forças num ciclo. Pois que tu vens resistindo em sua história, com outras cores e peixes e eu em outros risos e sentidos.

Vista da Baia de São Vicente, a 1ª cidade do Brasil, litoral de SP

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