Antinomia na Flor

Elas, as moscas, cuidam do pouso nas tarefas…
Há um pão em retardo sofrendo sua velhice
sobreposta à mesa
Capto um hábito perfeito na bagunça, na louça suja,
em toda essa desordem, essa imperfeição.
O molho opaco de ontem dá o tom dormido
de quem não insistiu em nascer os mesmos passos.
Os que estão distantes e por trás de onde eu sou
compreenderam a terra e viveram seu pó
encharcados de lucidez.
O pensamento das mãos e olhos
ocupados em plantios, colheitas
e ressurreição da terra com a chuva.
As flores com a cabeça no lugar,
sóbrias em nomes próprios:
Rosamaria menina, Margarida mulher
e Florbela mãe.
E eu, peça dos novos tempos…
Palavras invadem meu piso, delas viro anfitriã,
gripo delas e adoeço intrépida, integral
até ficar sã de um poema.

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