Até tu Brutus…

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Quando o imperador romano Julius César percebeu que entre os seus assassinos se encontrava o seu próprio filho, ele, entre surpreso e decepcionado, exclamou: “até tu Brutus, meu filho”. Demonstrava, assim, que ele esperaria aquele gesto de qualquer um, menos de seu próprio filho.


 



Quando o ataque vem do inimigo não há surpresa e, em certa medida, até já se espera por ele. Mas quando esse ataque parte de um amigo, de um aliado, não apenas a surpresa é grande como certamente a decepção é imensa.


 



Creio que é esse o sentimento de tantos quanto lutaram e lutam para impedir que o nosso patrimônio seja dilapidado ao assistirem a retomada das privatizações de rodovias federais, sob o comando do Ministro Alfredo Nascimento.


 



Essa sanha privatista, como já demonstrei anteriormente, foi teorizada por Friedrich Hayek, que advogada a supressão do estado na economia em beneficio do reinado absoluto do “mercado”. A teoria de Hayek era tão reacionária que ficou na “gaveta” por mais de 40 anos e só foi experimentada inicialmente precisamente no Chile, sob a ditadura de Augusto Pinochet.


 


 



Todos nós sabemos que a maioria das privatizações realizadas no governo FHC não trouxe benefícios e tampouco soluções, como no caso da privatização da água aqui em Manaus, que resultou em 500 mil pessoas sem água. E onde esse processo teve algum efeito prático foi a um elevado custo financeiro para o usuário e o comprometimento da segurança nacional, como no caso das telecomunicações.


 



No caso das rodovias, certamente alguém vai ponderar que as vias privatizadas estão em melhores condições do que as que estão sob o controle do Ministério dos Transportes. É verdade. Mas é preciso também dizer que a um custo de pedágio bastante elevado, revelando que o problema é meramente de caráter gerencial.
Por isso é lamentável, profundamente lamentável, que nós assistamos o Ministério dos Transportes delegando à iniciativa privada a realização daquilo para o qual ele foi criado para resolver: a recuperação de nossas estradas.

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