Bolsonaro aposta no Chafurdo para desviar as atenções

O que vemos é o “chafurdo nosso de cada dia”, com um governo empenhado em produzir, a cada 24 horas, factoides para tirar do centro da discussão a nossa tragédia sanitária

Fotomontagem feita com as fotos de: Anni Roenkae/Pexels; Adriano Machado/Reuters; Sérgio Lima/Poder 360; Mathilde Missioneiro/Folhapress; Marcos Corrêa/PR

Enquanto o mundo assistia mais uma espetacular derrota da mais mortífera máquina bélica da face da terra, o BraZil perdia mais 434 cidadãos, vitimados pela COVID-19. Não devemos nunca esquecer que estamos, agora de forma mais devagar, para as 600 mil mortes (estamos em pouco mais de 569 mil), ou seja, estamos nos aproximando dos números extraoficiais das mortes ocorridas na Síria, um país completamente devastado por guerra, já que as estimativas, para cima, apontam 600 mil mortes.

Esses números assustadores, cada vez mais naturalizados, deveriam causar uma comoção nacional, mas o que vemos é o “chafurdo nosso de cada dia”, com um governo empenhado em produzir, a cada 24 horas, factoides para tirar do centro da discussão a nossa tragédia sanitária. Quem coloca no plano secundário as centenas de mortes diárias continua a ser o governo federal, que tem um ministro da Saúde, Queiroga, que foi assistir ao treinamento militar em Formosa, uma cena patética que, mais um vez, tratou de manchar a imagem das forças armadas.

Além do decadente músico sertanejo, Sergio Reis, promover um pequeno espetáculo deprimente, ameaçando sair no tabefe com ministros do STF e posteriormente dizer que “não foi bem assim”; vimos o general Heleno numa nova entrevista recriando a Constituição, afirmando que as forças armadas podem, mas não querem, intervir. O general, da reserva, com uma carranca que não amedronta mais ninguém e com seu pedantismo de sempre, tratou de dar uma interpretação bem própria da tal “possibilidade de intervenção”, ou seja, defendeu a possibilidade de um golpe, embora, vejam só, torça para que isso não aconteça.

É claro que tais declarações atraem a atenção e parece que essa caterva bolsonarista enxerga o tumulto como uma ação política. Afinal, o patético Mandrião, em meio aos seus delírios de poder, já está convocando a população para uma grande manifestação no dia 7 de setembro, data em que os lunáticos bolsonaristas deverão produzir cenas bizarras, gerando memes pelas redes sociais.

Entrementes, a CPI continua expondo os atos contrários à lei, promovidos pelo Presidente da República, dessa vez como falsificador de documentos, que soma as dezenas de contravenções e crimes cometidas pelo chefe de Estado. Aliás as “motociatas” são, de fato, propaganda desavergonhada, com recursos públicos e que, por “sabe-se-lá-por-que” passa em silêncio diante dos olhos do TSE.

Há, de fato, um combate desequilibrado, pois Bolsonaro se movimenta como um cachorro louco, mordendo a Constituição de todas as maneiras e todos os dias, enquanto a oposição tenta dar um conteúdo civilizado a essa inglória disputa de mentes e corações com uma horda mentirosa, de baixo calão, ignorante e disposta ao uso da força física contra seu oponente.

A oposição terá que encontrar forças para manter a pressão, o que será uma tarefa bem difícil, afinal o Mandrião usa, sem nenhuma crise de consciência, todos os recursos e poderes que o cargo lhe confere.

Aguardemos.

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