Brasil país dos… zagueiros?

Depois de quase um mês de pausa devido às festividades de fim de ano, aos poucos todos e todas vão retomando seu dia a dia comum. Neste tempo muita coisa aconteceu até mesmo no mundo esportivo, onde o debate sempre gira em torno de especulações e contratações, tanto na América do Sul como na Europa.

Outro fato interessante foi a premiação do Bola de Ouro da Fifa, com o português Cristiano Ronaldo roubando a cena, vencendo de novo o prêmio e assumindo que, de fato, compete com o argentino Lionel Messi por títulos individuais. Vale destacar também os alemães, que à exceção deste prêmio, venceram todas as demais premiações, até mesmo o famoso Troféu Puskas de mais belo gol do ano.

Particularmente o que mais me chamou a atenção foi a seleção do ano da Fifa. O Brasil, acostumado a sempre revelar craques do meio para frente, elegeu os 2 zagueiros do time (David Luiz e Thiago Silva), mostrando uma vocação que desde a Copa do Mundo de 2002 tem se tornado a tônica do futebol tupiniquim: o futebol de força, velocidade e contra ataque.

Para conseguir que esta estratégia funcione (em que Felipão foi um dos precursores com o Grêmio campeão da Taça Libertadores de 1995), é necessário que se tenham jogadores altos, fortes e bons marcadores, ou seja, um estilo pesado de marcação que está resultando em um biotipo muito mais europeu que sul americano na formação dos nossos futebolistas.

A principal vantagem da formação deste tipo de jogador, se reflete fora das 4 linhas, pois este jogador tem mercado para compra e venda na Europa, muito mais, por exemplo que jogadores menores e mais magros, porém diferenciados no trato da bola. O grande hiato que temos assistido nestes últimos 15 anos em que se veem reclamações de todos os tipos sobre a falta “do antigo camisa 10”, é resultado, apenas e tão somente da prioridade dos clubes na formação dos atletas.

Prova disso é que o Brasil continua sendo o líder de exportação de atletas para a Europa e tem conseguido prêmios individuais de grande destaque tanto para zagueiros, como para volantes.

Qual seleção do mundo tem a seu dispor atletas dos níveis de Thiago Silva, Dante, Miranda, David Luiz, Marquinhos, Dedé, Gil, Réver, entre tantos zagueiros que poderiam ser titulares em qualquer time do mundo?

Entretanto, no ataque não temos a mesma situação, temos velocistas, mas não temos ponta de lança. Talvez os últimos sejam Fred e Luis Fabiano, mas a idade e o extracampo de ambos nunca os deixaram que se tornassem os cracaços de bola que um dia prometeram ser.

A solução para nossa “Europeização” do Futebol não pode ser também jogar na lama tudo que foi construído nos últimos tempos, até porque esta fórmula deu resultado até certo ponto. Talvez o ideal seja mesclar, não pensando somente na venda futura do jogador, mas também na formação de nossos craques de bola.

Para tanto, evidentemente, é necessário uma pressão que a CBF nunca pensou em fazer. Possivelmente por incompetência mesmo, mas prefiro acreditar que é porque nunca olhou por este lado, do lado de quem está de fora, mas consegue perceber como se dão os negócios escusos do futebol, com empresários, atravessadores e leiloeiros.

Ainda temos tempo de nos recuperar, temos bons zagueiros, goleiros, meias e velocistas. Basta parar com este preconceito com o antigo ponta de lança e uma pressão mais firme da CBF que podemos ter um futuro muito mais bonito que o pragmático e monótono presente: defesa-contra ataque que dá sono até no mais fiel dos torcedores…

O erro está apontado, se vamos resolver é outra história…

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