Brasileiro, sinônimo de trabalhador

Há 507 anos, os portugueses chegaram nestas plagas. Acompanhados de religiosos, foram batizando a região com nomes inspirados em suas crenças: Monte Pascoal, Terra de Santa Cruz… Mandaram rezar missa, deixaram aqui uns degradados e uns tripulantes fugid

Um estudo publicado na Revista Língua Portuguesa, Especial nº 2 – Etimologia – A Origem das Palavras chama a atenção para a denominação que prevaleceu para referir os habitantes da nova colônia portuguesa. Quem nasce em Portugal é portuGUÊS; na Inglaterra, inGLÊS; na França, franCÊS… Mas quem nasce no Brasil não é brasiLÊS.
Nasceu em Angola, é angoLANO; em Moçambique, moçambiCANO; em Cuba, cuBANO; na Itália, italiANO – aliás, os italianos nos chamam “brasiliANOs”, mas não é essa a expressão portuguesa para o nativo deste país…
Quem é da Argentina, argenTINO; de Anápolis, anapoLINO; de Belo Horizonte, belo-horizontino; português de Azambuna, azambuJINO, mas não é brasiLINO o natural destas terras…
“Quem trabalha é quem tem razão, eu digo e não tenho medo de errar”, diz uma canção popular, e é no trabalho que está a origem do nosso gentílico, explica o artigo “As razões do ‘brasileiro’”:
“’Brasileiro’ foi palavra cunhada pelos portugueses no século 16, referindo-se ao trabalhador que cortava e comercializava o pau-brasil na Colônia. Por volta de 1817, às vésperas da independência, enxergavam-se duas possibilidades para nomear o habitante da futura nação. Poderíamos nos chamar ‘brasilienses’ ou ‘brasilianos’.
“Era aos índios, no entanto, desde o século 16, que estava reservado o gentílico ‘brasiliano’ (bem como ‘brasílico’), e os nossos patrícios que viviam na Europa, minoria porém, preferiam ser chamados de ‘brasilienses’. Assim, por falta de opção ou talvez por necessidade de auto-afirmação nacionalista, assumimos o nome que nascera num clima de certo desdém: venceu a ‘brava gente brasileira’, como cantamos no hino nacional.
“Em suma”, conclui o artigo, “o adjetivo pátrio ‘brasileiro’, ao lado de ‘mineiro’, que trabalhava nas minas de Minas Gerais, e de ‘campineiro’ (relativo à cidade de Campinas), que atuava nos descampados existentes, no século 18, entre as Vilas Jundiaí e Mogi-Mirim, significa que somos, em nossa origem, verdadeiros trabalhadores. Se quisermos adotar o tom romântico… nossa profissão mais profunda é trabalhar o Brasil, recriá-lo”.

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